sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

História da música: Os Blues (Uma introdução)

Os Blues nasceram como a voz dos escravos dos campos de algodão do sul dos Estados Unidos. Eles cantavam durante os trabalhos nas plantações para aliviar a dureza do trabalho.


Enquanto os negros soltavam suas emoções, os brancos viam o lado prático da coisa. Para os fazendeiros, as work-songs (canções de trabalho) ajudavam a imprimir um ritmo ao trabalho no campo e deixavam os escravos mais alegres. A partir da década de 1860, os spirituals - canções religiosas entoadas pelos negros africanos desde sua chegada à América - sofreram uma mutação fundamental. Além de apelar para Deus, os escravos começaram a curar suas dores de amor através da música.

É um sentimento, ou um estado de alma, identificado com a tristeza, a melancolia, o desgosto, sendo também, o lamento do andarilho das estradas, o mesmo que chegou até as cidades, adotou o microfone e a guitarra elétrica.
A transgressão não estava somente na conotação amorosa e sexual das letras do Blues.
No formato musical, o estilo também marcou uma ruptura!

O primeiro berço dos blues foi a vasta planície do Delta, alagada pelos rios Mississipi e Yazoo, onde a população negra constituía uma maioria oprimida. Este género musical era uma arte declarativa, confessional: o cantor de blues começava por ser um poeta espontâneo, que nos falava de si, do que lhe aconteceu, do que lhe fizeram. Usavam instrumentos simples como, guitarra acústica, piano e harmónica (blues harp). Filhos de escravos, camponeses, pobres, sujeitos às violências da segregação racial, que mais tarde se tornaram imigrantes, quando, dessa terra fértil partiram para o Norte, para as cidades industriais: por Memphis e St. Louis, atéChicago e Detroit, mais tarde New York – a mesma estrada seguida depois pelo jazz, desdeNew Orleans.

Desenraízados nessas cidades, nunca lhes faltou matéria para uma poética baseada na sinceridade: a fome (do pão ou dos afectos), a solidão, a distância, o amor traído, etc...

O género deve ser considerado um dos principais afluentes do grande rio do jazz, mas também é possível observar o seu desenvolvimento paralelo. O jazz herdou dos blues a tonalidade, algumas estruturas de composição. Os blues receberam do jazz uma riqueza de interpretação e uma abundância de meios que não estavam ao alcance dos primeiros cantores solitários.

As influências estenderam-se a outros géneros de música popular ocidental e americana, com especial destaque para o rhythm and blues, rock and roll, country, e também na música pop convencional.

Nos fins do Século XIX e princípios do Século XX, W. C. Handt levou os blues para além da linha, tornando-os respeitáveis, e mesmo bem recebidos. Este músico, compositor e orquestrador foi a chave para a popularidade dos blues, conhecido como “father of the blues”, (O pai do blues).

Várias bandas de Jazz gravaram blues. Por volta de 1920 os blues tornaram-se definitivamente num elemento de destaque da música popular norte-americana.

Com o desenvolvimento da indústria discográfica, houve um crescimento da popularidade de cantores e guitarristas de country-blues como Blind Lemon Jefferson, Bling Blake, Son House, Robert Johnson, Charley Patton e Mississippi John Hurt.

Robert Johnson


Esta mão-cheia de músicos que influenciaram o blues, e mais tarde muitos dos músicos rock.
Os discos destes artistas ficaram conhecidos como “race records” (discos raciais), devido ao facto de se destinarem quase exclusivamente a audiências afro-americanas.
Cantoras de blues, havia também na altura, e muito populares, destacando-se, Mamie Smith, Gertrude “Ma” Rainey, Bessie Smith e Victoria Spivey.

Muddy Waters


Em 1940 e 1950, o desenvolvimento da urbanização e o uso de amplificação sonora levaram ao aparecimento do blues eléctrico, muito popular em cidades como Chicago e Detroit, e os melhores exemplos são artistas como Howlin’ Wolf, Muddy Waters, B.B. King e John Lee Hooker.

B. B. King


O apelo do blues continuou forte nas décadas seguintes. A música do american civil rights movement, black pride movement e do free speech movement nos Estados Unidos fez ressurgir o interesse pelas raízes da música americana em geral e na anterior influência da música afro-americana em particular.

Quando os blues e o rock’n roll chegaram à Europa, passaram a influenciar nomes que se tornaram grandes ídolos da juventude: John Lennon, Paul McCartney, Mick Jagger, John Mayal, Steve Winwood, Eric Clapton, Jeff Beck e Jimi Page, que transformaram o blues rock através de bandas como Beatles, Rolling Stones (nome tirado de uma canção de Muddy Waters), Bluesbrakers, Yardbirds e também os Cream e os Led Zeppelin!

Através destes músicos e de outros, anteriores e posteriores, os blues influenciaram definitivamente o desenvolvimento de toda a música moderna!

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