sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Por uma avaliação a sério do desempenho jornalístico

Tendo em conta os diversos artigos de opinião que têm surgido um pouco por toda a imprensa (escrita e online), não resisto a trazer aqui a opinião do Paulo Guinote, num artigo publicado no blog O Meu Quintal:



Nota prévia: neste texto refiro-me ao que eu considero “operacionais” de projectos que têm muito mais de político ou económico (ou de vaidade pessoal) do que efectivamente de “jornalístico” e que circulam pelas direcções e chefias de órgãos de comunicação social como se fossem uma espécie de jogadores de futebol em circulação por clubes associados aos interesses de agentes do “mercado”. Não falo de quem , nas redacções faz o seu trabalho o melhor que sabe e lhe deixam, procurando sobreviver na selva.

Para que fique ainda mais claro falo dos baldaias, dinis, fernandes ou, no caso das vaidades, de um certo tavares protegido de alguém que não se importa da sua cegueira em relação ao que levou milhares de milhões ao erário público, mas a quem confunde muito que um professor ganhe mais 100 euros ao fim do mês.

(nem sequer incluo aqui aquele tipo que adorava as boalchinhas da mlr e que andou pelo cm e pelo i, conforme lhe deram a mão…)

Falo daqueles que sistematicamente criticam os professores e insistem em considerar que a classe docente não quer ser avaliada pelo seu mérito ou pelo desempenho dos seus alunos. Que no privado é que é, que no privado é que dói muito e só vence o tal “mérito”.

E eu reverto o argumento:

O que sabemos sobre o “mérito” de algumas destas figuras? Que “enterraram” as vendas de quantas publicações? Que “valor acrescentado” (para além de cortes nas redacções e despedimentos a granel) têm estas figuras para apresentar? Qual a evolução das vendas das publicações que dirigiram ou dirigem? E não me venham com o online, porque para isso era necessário demonstrar (o que nunca vi) que aquela publicidade funciona mesmo e paga “projectos” como o Observador que, se não tivesse investidores interessados em promover uma agenda político-ideológica muito específica não teria condições para andar a contratar os despojos de outros “projectos”, enterrados pela elite que temos de directores de jornais.

Poderão estes senhores (e algumas senhoras) explicar qual a “avaliação” que têm para nos apresentar? Se forem as vendas, estamos falados… só o cm se safaria. Nem o bastião do regime escaparia e basta ver o que o balsemão vai fazer ao seu grupo de comunicação, para se perceber que o “mérito” tem pouco reconhecimento no “mercado”. E nem sequer podem falar em grande concorrência – não me digam que é o facebook que os derrotou? – porque estão quase todos em falência mais do que técnica.

O que observa quem lê jornais e revistas há 35 anos e os comprou a fio durante décadas é uma atroz endogamia entre “investidores” e alguns jornalistas em cargos de chefia, bem como uma relação pantanosa com alguns interesses económicos. Basta ver como, subitamente, ninguém se lembra da publicidade plantada pelos salgados e bavas (e mexias e tantos outros) para obterem “boa imprensa”. Alguém terá coragem de avaliar o dinheiro que entrou em certos “projectos jornalísticos” com esta origem?

Ou – já agora – porque se falou numa lista de jornalistas com certo “rasto” nos papéis do panamá, a qual depois desapareceu sem deixar o tal “rasto” visível? Será muito estranho associar isso a certas movimentações que então aconteceram entre órgãos e grupos de comunicação social? É esse o “mérito” de que falam e querem que os outros demonstrem.

Os professores desenvolvem o seu trabalho de forma transparente. Há bons, maus, medíocres, suficientes e excelentes em diversas gradações e proporções. Como em muitas outras profissões, mas há uma meia dúzia de luminárias com direito a coluna regular e voz de comando nas redacções que se acha com valor e competência para duvidar sistematicamente da sua qualidade. Os alunos melhoraram o desempenho? Foram @s ministr@s da sua estimação que fizeram leis boas. As coisas correm mal este ou aquele ano nos exames ou provas de aferição? É falta de “formação” dos professores.

Mas se um jornal apresentar sistematicamente quebra de vendas ou de publicidade já é o “contexto” que explica tudo e não a incapacidade ou incompetência de quem os dirige que é sublinhada.

O duplo padrão é a moeda corrente das análises dos baldaias, dinis e fernandes. E nem falo da diva da página qualquer coisa do espesso semanário)

Mas ainda bem que nos exigem aquilo que não praticam.

Percebem que estamos em planos éticos realmente muito diferentes.

(e aposto que, apesar de muito liberais e defensores da liberdade de opinião sem verificação à tavares, não gostam nada que se lhes aponte este tipo de coisas…)


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