A internet das escolas e serviços do ministério teve bloqueios nas duas últimas semanas, que obrigaram quatro equipas de técnicos da DGEEC a criar de raiz novas regras no software que gere as interligações físicas dos locais que integram o setor e que faz também a gestão da largura de banda e de segurança de toda a Rede Alargada da Educação. Em informação enviada aos diretores, a Direção-Geral de Estatísticas da Educação garante que o problema ficou totalmente resolvido no dia 3 de maio, apesar de as escolas continuarem a falar em atrasos nas matrículas de novos alunos para o próximo ano letivo e na validação de processos para o concurso de professores (ver caixa).
Mais: embora ainda não tenha concluído todo o diagnóstico ao problema que afetou a rede, a DGEEC admite que possa ter surgido pelo facto de muitas escolas estarem a colocar os alunos com privilégios nas redes de professores e administrativos. "Como é sabido, a largura de banda nacionalmente disponível não é a suficiente para conferir, em igualdade concorrencial, todos os perfis das comunidades educativas. Como tal, a DGEEC decidiu priorizar os acessos provenientes de determinados perfis de utilizadores. Esse processo, que designámos por "Nova matriz de conetividade" foi iniciado há um ano e, neste momento, 628 estabelecimentos com a rede gerida pela DGEEC já procederam a essa migração. Restam 530 estabelecimentos por migrar e, em alguns destes, os alunos estão a ser autenticados na rede como professores ou administrativos." Situação que, argumenta a DGEEC na nota enviada às escolas, não só cria constrangimentos na "fluidez" da rede, como se afigura como "um risco de segurança gravíssimo - na medida em que pode expor aos alunos acessos diretos aos servidores das escolas e aos sistemas de informação do Ministério da Educação". Isto sem nunca esclarecer de quantos casos estamos a falar.
Mas em resposta a questões do DN, o Ministério da Educação garante que a segurança da rede não foi posta em causa nos últimos dias e os alunos não tiveram acessos a conteúdos indevidos. "O que aconteceu foi que, como há maior reserva de largura de banda para os professores, houve casos em que, conjunturalmente e com o devido acompanhamento, se recorreu à utilização dos perfis dos professores para viabilizar atividades pedagógicas com e para alunos", informa o gabinete de Tiago Brandão Rodrigues.
Diretores "admirados"
"Recebi a informação e fiquei admirado com esse ponto", confessa Filinto Lima, diretor do Agrupamento de Escolas Dr. Costa Matos (Vila Nova de Gaia), que preferia ver a DGEEC "mais preocupada em equipar as escolas com internet rápida". O também presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP) garante que nunca ouviu falar destes casos e explica ao DN que no sistema interno das escolas estão informações sobre turmas, notas e faltas.
Quanto a testes, Filinto Lima adianta que os enunciados não estão disponíveis nos servidores e que os exames nacionais são sempre entregues pela polícia fisicamente. Quanto às provas de aferição que estão a decorrer este mês, "são enviadas pela internet". Já Arlindo Ferreira, diretor do agrupamento de escolas Cego do Maio, da Póvoa de Varzim, e autor do blogue Arlindovsky, onde publicou a mensagem da DGEEC, lembra que os privilégios dos professores e administrativos no acesso à internet têm que ver com a velocidade de navegação, embora não saiba se "um especialista em informática consegue chegar a outra informação por ter acesso a essa rede".
Sem comentários:
Enviar um comentário