quarta-feira, 26 de outubro de 2011
terça-feira, 25 de outubro de 2011
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
Carta ao meu filho sobre estes dias que correm
Escrevo-te no final de um estranho mês de Outubro. Depois de um Verão
triste, tivemos sol e calor. Na praia e o mar estava estranhamente
calmo. Teriam sido semanas descontraídas e alegres se não fossemos lendo
as notícias. Sabíamos que elas, quando chegassem, seriam más – mas não
estávamos à espera de notícias tão más.
Sou funcionário público e a tua mãe também! Perderemos, nos próximos anos, os subsídios de férias e de Natal. E por isso estamos meio atordoados.
É
natural. Não estávamos à espera. Ninguém estava à espera. Mesmo eu, que há
muito defendia a necessidade de diminuir os gastos com a função
pública, não imaginava que fosse assim.
No entanto tenho a percepção da fatalidade. Julgo que muita gente a
tem. O dinheiro acabou. O nosso e até o que nos emprestam. Não posso nem
quero imaginar que fosse através de mais impostos que se resolvessem as
aflições do próximo Orçamento, como parece sugerir o Presidente da
República. Não posso nem quero imaginar que o governo deste país
continuasse a fazer como os governos do passado, a fingir que cumpria as
metas disfarçando as dívidas.
É por isso que não posso deixar de pensar: o que foi que nos trouxe
até aqui? O que foi que nos meteu neste poço a que só agora vemos as
paredes escuras, negras?
Também te escrevo envergonhado. Porque escrevo para te dizer, por
exemplo, que quando tiveres a minha idade, se ainda andares por este
país, continuarás a pagar centenas e centenas de quilómetros de
auto-estradas que se degradarão antes de chegarem a ter movimento que se
veja. Ou para te alertar que bem antes de chegares à idade da reforma o
sistema de pensões terá entrado em colapso (dizem-me que ainda haverá
dinheiro para os da minha idade, mas não acredito).
Escrevo-te sobretudo para te contar como desperdiçámos a melhor
oportunidade de um século de história. Ou mesmo dos últimos dois
séculos.
Sei que muitos andam por aí a culpar “os políticos”. Têm razão: houve
muita irresponsabilidade política, houve dolo e houve corrupção. Há
alguns figurões a que nunca perdoarei, e espero que o país não perdoe.
Mas eu não culpo só “os políticos”. Ou só “os banqueiros”, apesar de
estes também terem contribuído para a irresponsabilidade do festim. Eu
culpo também uma nação que se embebedou com a ilusão da riqueza fácil,
do sonho de “ser como os outros europeus” no espaço de uma década.
No outro dia pus-me a olhar para o nosso carro. Seria necessário ter um
modelo tão bom? Não. Mas tudo estava feito para que o tivesse. Em
poucos anos, Portugal encheu-se de automóveis. Na Europa só os italianos
têm proporcionalmente mais carros do que os portugueses. O parque
automóvel de Lisboa é imensamente mais rico do que o de Copenhaga ou
Estocolmo. Mas não só. Somos o povo com mais telemóveis. E o que mais
casas próprias comprou. Até casas de segunda habitação.
Muitos da minha geração fizeram tudo para proporcionar aos filhos os
bens de consumo a que eles próprios não haviam tido acesso, mas não
fizeram o suficiente para que muitos da tua geração saíssem mais cede de
casa dos pais. Há quem diga que é assim porque ainda acreditamos nos
valores familiares, mas eu desconfio. Afinal com que família sonhamos
se, ao mesmo tempo, somos um dos países da Europa onde nascem menos
crianças?
Não te vou contar a história de todas as oportunidades falhadas. Ou
de todas as políticas criminosas. Ou de todos os roubos, que também os
houve. Prefiro tentar, mais humildemente, explicar como te expropriámos o
futuro.
Nasceste, como eu nasci, num país de cultura atávica. Num país onde
se prefere a protecção do nepotismo ao risco da emancipação. Um país
habituado à segurança, mesmo que na pobreza relativa. A revolução não
nos mudou, apenas transformou tudo em direitos. Os empregos tinham de
ser para a vida, de preferência empregos no Estado. Ninguém pôde tocar
nas rendas antigas, pelo que a minha geração teve de ir à procura de
casa própria e a tua… nem isso. Os despedimentos são tabu. Houve até
quem assumisse “direitos” como a reforma aos 55 ou 56 anos.
Neste país não há profissões: há posições. Quem as ocupa chama-lhes
suas, e barra os caminho a todos os competidores. Neste país não há
feriados: há “pontes” e fins-de-semana alargados. Neste país detesta-se a
avaliação: somos todos “bons” ou “muito bons”. Neste país fala-se muito
dos jovens, mas não há oportunidades nem bons olhos para os mais novos.
Enquanto a economia foi crescendo, enquanto o dinheiro (primeiro o
dos emigrantes, depois o da Europa) foi chegando, parecia que corria
tudo bem. Mas isso tinha de acabar, e acabou. Foi nessa altura que o
desemprego dos da tua idade começou a disparar. Antes de disparar todo o
desemprego.
Ninguém que, nessa época, chamasse a atenção para a
insustentabilidade da nossa economia era ouvido. Gozava-se com o Medina
Carreira. Diziam que todos os que chamavam a atenção para o risco de nos
embebedarmos com os juros baixos eram apenas “velhos do Restelo”. Na
nossa vida privada, comprávamos mais um plasma. No Estado, contratava-se
mais uma PPP para outra auto-estrada ou outra Escola!
Quando penso no que nos aconteceu como país, e no que aconteceu ao
Estado, lembro-me das campanhas da Cofidis e outras empresas de crédito
fácil. Para muitos, esse dinheiro ao virar da esquina e a ilusão de que
os ordenados aumentariam todos os anos, levou-os a comprar hoje o que
julgavam poder pagar amanhã. Até que começaram a ver o salário penhorado
por dívidas e, mesmo sem perderem os empregos, perderam os rendimentos.
O país todo portou-se da mesma forma. Desde 1995 que consumimos, em
média, mais dez por cento do que produzimos. Sempre a crédito. Sempre
com dívidas maiores. Sempre sem sermos capazes de nos emendarmos a
tempo.
O que se passou no Estado – por via de vários governos centrais, dos
governos regionais e das autarquias – foi muito pior. Inventaram-se
expedientes para continuar a gastar sem pagar. Já deves ter ouvido falar
das PPP’s, mas são só uma parte do problema. Há empresas públicas
fictícias que, para financiar o Estado, lhe compram os imóveis e,
depois, lhos alugam. Outras que fazem as obras para as quais não há (nem
havia) dinheiro, como nas escolas. Outras, como as de transportes, que
são veículos de endividamento. Se na Madeira se construiu uma marina que
nunca teve barcos, em Lisboa há outra marina na Expo que nunca serviu
para nada e em Beja um aeroporto vazio. O Alqueva já consumiu milhões e
ainda não rega um hectare. E por aí adiante. A lista é infindável e o
espantoso é que os autores dos desmandos andam por aí a rir e a atirar
setas aos que, agora, tentam concertar a casa em ruínas.
Vivemos de mentiras – votámos mesmo em mentiras apesar de vários
alertas – e na ilusão de que o dinheiro chegaria sempre. Não chegou. A
factura que estamos a pagar é imensa. A que te vamos deixar, além de
imensa, é imoral.
Chegámos a uma altura em que um governo nos veio dizer que temos de
empobrecer. Admiro-lhe a frontalidade (gostei muito de ver, por exemplo,
a franqueza com que o ministro das Finanças se explicou na televisão).
Gosto da lufada de ar fresco que representa esta sinceridade.
A ti isso pouco te importa. O que conta é saber se saímos inteiros do
embate deste “martelo-pilão”, como lhe chama o Pacheco Pereira. Acho
que sim. Podemos ter um Orçamento que é como “um Houdini algemado dentro
de uma camisa-de-forças fechado num aquário de água salgada”, uma
imagem do Pedro Guerreiro, mas tal como o Houdini não temos alternativa
senão safarmo-nos.
Talvez tenhas ouvido dizer que assim se acrescenta recessão à
recessão. É verdade, mas só num primeiro momento. Depois, a única
esperança que a minha geração pode devolver à tua é quebrar o ciclo da
dívida e permitir que, sem loucuras, os bancos possam voltar a financiar
a economia. Prosseguir o caminho que vinha detrás é alimentar a ilusão
de que, continuando o Estado a gastar dinheiro, ou a estimular o consumo
que nos levou ao endividamento, a economia recupera. Não acredites:
afunda-se ainda mais. E passará aos da tua idade um passivo ainda maior.
O dever dos que têm a minha idade, sobretudo dos que, melhor ou pior,
viveram os anos do bem-bom e estão razoavelmente instalados, não é
declarem-se “indignados” por perderem alguns direitos – é aceitarem que
algum ajustamento nos seus hábitos, mesmo um ajustamento doloroso e
duro, é necessário para libertar recursos para os que têm realmente
razões para se indignarem. Os da tua idade.
A minha geração passou a vida a reivindicar direitos pagos pelo
dinheiro de todos. Ainda hoje continuo a ouvir por todo lado gente a
pedir que se use o Estado para “apostar” na economia, o que quase sempre
significa apostar nas empresas amigas. Possa a tua geração fazer em
Portugal o que tantos de vocês fizeram emigrando: correr riscos, inovar,
trabalhar com ambição, cerrar os dentes. A muitos da minha geração só
se lhes saírem da frente. Mesmo deixando-te as SCUT’s para pagar.
Adaptado de: Blasfémias
sexta-feira, 14 de outubro de 2011
terça-feira, 11 de outubro de 2011
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
Ainda… Steve Jobs!…
A noticia da morte de Steve Jobs atingiu toda a Internet como uma onda que nos derrubou. A lutar contra a sua doença de forma corajosa e com uma força quase sobre humana, nada fazia esperar que fosse tão cedo a sua partida.
Nos comentários que apareceram por todo o lado, ouvi alguém que o comparou a Einstein… Penso que a comparação é pertinente, pois Jobs foi um revolucionário das ideias e dos conceitos. O seu contributo fez com que tenhamos ferramentas que contribuem para uma vida bem mais facilitada.
Deixo aqui a reprodução integral do discurso mais famoso de Jobs: Stanford:
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
Steve Jobs (RIP)
“A morte é muito provavelmente a melhor invenção da vida”, afirmou Steve
Jobs, em 2005, frente a uma plateia de estudantes da Universidade de
Stanford, nos EUA. “Lembrar-me de que todos estaremos mortos em breve é a
ferramenta mais importante que encontrei para me ajudar a fazer as
grandes escolhas na vida”.
O icónico fundador da Apple morreu ontem, 5
de Outubro, com 56 anos, um dia depois de ter sido apresentado o novo iPhone 4S, depois de anos com vários problemas de saúde
relacionados com um tipo raro de cancro do pâncreas.
A Apple perdeu um génio visionário e criativo e o mundo perdeu um líder e mestre, ser humano fantástico!
Todos perdemos...
A importância da caligrafia
Frequentemente descrito como um empresário brilhante e um inventor
visionário (tem o nome em mais de 300 patentes), é um exemplo do
conceito americano de self made man.
Steven Paul Jobs
nasceu a 24 de Fevereiro de 1955, em São Francisco, na Califórnia. Tanto
o pai (um sírio a estudar ciência política) como a mãe (uma
universitária americana) acharam que eram muito novos para o criar. Foi
adoptado por um casal de classe média que morava em Mountain View,
também na Califórnia – a zona que anos mais tarde viria a ser Silicon
Valley, a meca da tecnologia a nível mundial.
Durante a
adolescência de Jobs, várias empresas de tecnologia tinham instalações
naquela área e ele cresceu num ambiente que acompanhava o despontar da
electrónica pessoal.
Quando andava no liceu, em Cupertino (onde
hoje é a sede da Apple), frequentava conferências nocturnas na
Hewllet-Packard e chegou a trabalhar lá durante um Verão. Foi onde
conheceu o funcionário da HP Steve Wozniak, um geek com talento para montar placas de circuitos e com quem viria a fundar a Apple.
Entrou
para a Universidade de Reed, mas só esteve inscrito um semestre. O
curso era demasiado caro para a bolsa dos pais. E Jobs “não tinha ideia
do que fazer com a vida”, lembrou no discurso em Stanford.
Apesar de ter desistido do curso, continuou pelo campus.
Dormia no chão no quarto de amigos e recolhia garrafas de cola para
receber o dinheiro do depósito e comprar comida. Uma vez por semana,
tinha “uma refeição decente” num templo hindu. E resolveu frequentar
aulas de caligrafia, porque achava que os cartazes da faculdade (feitos à
mão) eram bonitos. Nestas aulas, aprendeu princípios estéticos que
marcaram não só a história dos produtos da Apple, mas também de todos os
computadores pessoais.
O princípio da Apple
O primeiro computador Apple era basicamente uma placa de circuitos que
tinha de ser montada pelos compradores. Foi lançado em 1976, custava
666,66 dólares e tinha sido desenvolvido por Jobs e Wozniak, na garagem
dos pais de Jobs.
A empresa foi oficialmente fundada no ano ano seguinte. Em finais de
1980, avançou para uma triunfal entrada em bolsa. Jobs (então com 25
anos), Wozniak (cinco anos mais velho) e largas dezenas de outros
investidores iniciais tornaram-se milionários instantâneos.
Com a empresa a crescer, o jovem
empresário aliciou o então presidente da Pepsi, John Sculley (um
executivo experiente) para o cargo de CEO. Segundo o mito, Jobs terá
perguntado a Sculley se este queria passar o resto da vida a fazer água
com açúcar ou se queria ajudar a mudar o mundo.
A Jobs coube
então a tarefa de chefiar a divisão dos Macintosh, uma das gamas de
computadores que a marca desenvolvia. Mas a relação entre Sculley e Jobs
deteriorou-se e, na sequência de uma luta interna de poder, acabou por
ser afastado da empresa que criara. Tinha 30 anos, era multi-milionário,
solteiro, sentia (admitiu mais tarde) que falhara e não sabia o que
fazer a seguir.
Fora da Apple
Após meses de reflexão, decidiu fundar uma nova empresa de computadores,
chamada NeXT, que desenvolveu computadores topo de gama destinados aos
mercados universitário e empresarial.
Um ano depois, em 1986,
comprou o The Graphics Group à produtora Lucasfilm, de George Lucas. A
empresa desenvolveu um computador destinado a sectores que precisassem
de trabalhar com gráficos exigentes, como o cinema e a medicina. Mas o
produto não foi bem sucedido e o The Graphics Group acabou por evoluir
para a Pixar, o estúdio de animação que criou Toy Story, lançado em 1995
e que é o primeiro filme de animação com gráficos gerados por
computador. Jobs surge na ficha técnica do filme como produtor
executivo.
Mais tarde, em 2006, a Disney acabou por comprar a
Pixar, tornando Steve Jobs no maior accionista individual daquela
empresa, com cerca de sete por cento das acções.
Foi também
durante o período fora da Apple que Jobs conheceu a mulher, Laurene
Powell. Casaram-se em 1991, numa cerimónia dirigida por um monge budista
(a religião de Jobs). Ele tinha 36 anos, ela era sete ou oito anos mais
nova.
O casal tem um filho e duas filhas. Ele já fora pai em
1978. Na altura, começou por negar a paternidade da criança (alegando
que era estéril), mas acabou por reconhecê-la e um dos primeiros
computadores da Apple chamava-se Lisa, o nome desta primeira filha. Na
versão oficial, porém, o nome do computador é a sigla de Local Integrated Software Architecture.
O segundo acto
Steve Jobs, foi o protagonista de um dos maiores
segundos actos da indústria tecnológica dos EUA.
Em 1996, a Apple
decidiu comprar a NeXT, que tinha pouco sucesso comercial, mas
desenvolvera tecnologia importante, a qual acabou por ser responsável
por um grande salto evolutivo nos computadores da Apple.
A
aquisição fez Jobs regressar à empresa que fundara. Primeiro como
conselheiro e, logo em 1997, como CEO interino, cargo que acabou por
assumir definitivamente três anos depois.
Na altura, a Apple estava em dificuldades financeiras. Jobs decidiu
acabar com uma série de projectos falhados e lançou uma nova linha de
computadores Mac. Eram computadores, disse então, cuja parte de trás
tinha melhor aspecto do que a parte da frente dos concorrentes. Sob a
sua liderança, a empresa regressou aos lucros.Já neste século, resolve
dar um novo novo rumo à Apple.
Rodeado da equipa de executivos que agora
lidera a empresa, faz uma incursão no mundo da música: em 2001, a Apple
lança o primeiro iPod, que praticamente se veio a tornar sinónimo de
leitor de música. Dois anos mais tarde, volta a abalar o sector musical,
ao lançar a loja online iTunes: em vez de ser preciso comprar álbuns
inteiros, as pessoas podiam agora comprar apenas as canções que
quisessem.
Em 2007, já visivelmente debilitado (apesar de o cancro pancreático que
aparecera três anos antes ter sido descrito como curado) volta a levar a
Apple por um novo caminho, com o lançamento do iPhone. Há anos que a
indústria dos telemóveis procurava um modelo com um ecrã sensível ao
toque que apelasse aos consumidores. Mas foi preciso o toque de Jobs
para que surgisse a fórmula certa.
Com o iPhone, Jobs virou o
sector ao contrário. Vários fabricantes apressaram-se a tentar seguir as
pisadas da Apple. A Nokia, na altura um portento dos telemóveis, está
em declínio, em grande parte porque ainda não conseguiu encontrar forma
de competir neste novo mercado.
Dois anos mais tarde, recebeu um
transplante de fígado, altura em que teve uma ausência prolongada da
liderança da empresa. Em Janeiro de 2011, voltou a uma baixa médica, por
motivos de saúde não especificados. Já não regressou. Em finais de
Agosto, demitiu-se.
“Sempre disse que no dia em que não
conseguisse cumprir com os meus deveres e responder às expectativas como
CEO da Apple, seria o primeiro a dar-vos conhecimento disso.
Infelizmente esse dia chegou”, escreveu na carta de demissão, dirigida
ao conselho de administração e à “comunidade Apple”.
Contrariamente
a muitos gestores de topo, Steve Jobs tem uma legião de fãs, o que o
aproxima mais de uma estrela musical do que de um homem de negócios. A
seguir à demissão, surgiram em catadupa mensagens na Internet com
desejos de melhoras e declarações de admiração, mesmo da parte de alguns
críticos. Nos últimos anos, quando subia a um palco para apresentar um
produto, era sempre recebido com uma ovação. Fê-lo pela última vez em
Junho deste ano.
Adaptado de: Público
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