Como diriam os brasileiros, aqueles "mails" trocados pela sra. ministra são "baton na cueca", prova final e inexorável de uma infidelidade.
Quando há suspeita, qualquer homem infiel nega, e mente. Mas, "baton na cueca" é tramado, quando a mulher descobre, não há como fugir. Está lá, exposto, à vista.
E os mails da ministra são "baton na cueca".
Como qualquer história de mentiras e infidelidades, esta história dos "swaps" cheira mal desde o princípio.
E o princípio nem foi a declaração da ministra, o princípio foi muitos anos antes.
A senhora ministra, quando trabalhava na Refer, assinou estes contratos para a empresa pública. Prevaricou, também ela.
No entanto, já no Governo, não foi demitida, ao contrário dos seus dois colegas secretários de Estado, que foram postos a andar num abrir e fechar de olhos.
Ou seja, há "swaps" maus, que levam à demissão imediata de secretários de Estado; e há "swaps" óptimos, que levam à promoção a ministra das Finanças.
Como nas narrativas das traições amorosas, há as aceitáveis e as inaceitáveis.
A dificuldade é sempre a de explicar qual a diferença entre umas e outras, entre os "swaps" maus e os "swaps" óptimos.
A isso juntou-se aquela negação entusiástica, a de que o Governo "não sabia" destes swaps, proferida pela senhora há uns tempos.
De repente, parece a jura falsa dos infiéis. Encostados à parede, eles negam sempre.
Depois, como nas histórias de traições, tudo se desmorona.
Afinal, Gaspar sabia, afinal Teixeira dos Santos informara o novo ministro.
O desmoronamento continuou.
Afinal, também o secretário de Estado do Governo anterior informara Maria Luís.
Afinal, havia uns "mails" trocados entre ela e outras pessoas, sobre o tema. Afinal, ela sabia.
Lá estava o "baton na cueca", impossível de esconder.
E agora, como resolver este tortuoso imbróglio?
Passos garantiu a Cavaco que a senhora tinha as mãos limpas de "swaps", e até Mario Draghi a louvou, lá da Europa. Pelo caminho, a coligação quase explodia por causa da senhora ministra, e o risco do país subiu muito. E agora vivemos nesta lenta mas diária sensação de que esta senhora faltou à verdade.
"Baton na cueca".
O novo ciclo, de que fala o Governo, começa assim, aos trambolhões, cheio de suspeitas, meias verdades, mentiras deslizantes.
"Baton na cueca".
Eu não menti, disse ela.
"Baton na cueca", diriam os brasileiros.
Fonte: O Diário de Domingos Amaral
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