Se ignorarmos as circunstâncias em que exerceu o cargo, poderíamos pensar que Vítor Gaspar foi um ministro das finanças acima da média, talvez o melhor em democracia. Foi o ministro que mais despesa conseguiu cortar, provavelmente o único a fazer um corte real de despesa desde Hernani Lopes. Isto apesar da ausência de apoio de muitos elementos do governo e da duvidosa imparcialidade da interpretação da constituição dos juízes do Tribunal constitucional. Há 10 anos atrás, este teria sido um excelente ministro das finanças.
Mas as circunstâncias dos últimos dois anos não foram normais. Vítor Gaspar foi um ministro de um país sob custódia de credores, credores que dificilmente teriam aceite algo menos do que Gaspar fez. Para satisfazer credores, Gaspar fez cortes de despesa quase todos de natureza temporária (investimento, por exemplo) e aumentou impostos, aumentos esses que quase nunca são temporários. Não se fizeram cortes na despesa estrutural. Gaspar não teve força, vontade, ou não o deixaram fazer mais. Apesar dos protestos, nunca antes um ministro das finanças teve uma conjuntura política tão boa para cortar na despesa estrutural e Gaspar não o fez.
Apesar de tudo isto, Portugal não é a Grécia que PS e CDS gostariam que fosse. E isso também temos que agradecer a Gaspar.
Podia ter sido pior.
Fonte: Portugal Contemporâneo
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