quinta-feira, 18 de julho de 2013

O resto da vida do Sporting

Bruno de Carvalho está há pouco na liderança do Sporting, pelo que, por agora, é bastante cedo para dizer que vai conseguir tirar o clube da espiral negativa em que mergulhou quando alguns iluminados resolveram transformar a centenária instituição em algo que nunca se percebeu muito o que seria mas que, visto de fora, se assemelhava a uma casa de gente alucinada, desesperada, mal preparada e incapaz de fazer algo de positivo. Desportiva, financeira ou estruturalmente.

Embora o novo líder leonino goste de falar, tentando sempre transmitir uma mensagem de maior sabedoria em relação a tudo e a todos nos mais diversos dossiers, a verdade é que Bruno de Carvalho tem tido o mérito – e a coragem – de apontar o dedo a todos os que, ao longo dos anos, contribuíram para que o Sporting deixasse de ser um rival efetivo de Benfica e FC Porto e passasse a ser a terceira força desportiva da nação.

Sim, não estou a falar apenas de futebol. Nas restantes modalidades, por muito que isso custe admitir a sócios e adeptos, o clube de Alvalade continuou a somar títulos, a construir equipas competitivas, a formar atletas de elevado potencial, mas deixou de ser um emblema capaz de ganhar os títulos relevantes, com exceção do futsal. Tendo como referência os principais desportos, o Sporting deixou de competir no basquetebol e no voleibol; perdeu a hegemonia de décadas no atletismo; tem andado “dentro e fora” do hóquei em patins (escapou na derradeira jornada à descida de divisão na última temporada) e se ainda vai tendo força para ganhar algumas provas no andebol, o principal título escapa desde o ano de 2000. Dito de outra forma, o Sporting passou de um grande clube a um clube grande, recheado de funcionários, dirigentes e colaboradores, com a agravante de muitos serem pagos a peso de ouro. Para isso, pelos vistos, sempre foi aparecendo o dinheiro. Mais complicado foi saber gastar bem os milhões que a banca ia abonando. O que se passou no futebol, então, foi calamitoso. Sempre ouvi muitos sportinguistas lamentar o facto de FCPorto e Benfica terem muito mais dinheiro para investir no futebol. Em seu entender, isso deixava o Sporting automaticamente em desvantagem. Tinham razão.

Mas só em parte, pois se fossem apenas e só os orçamentos a definir quem podia lutar pelas posições cimeiras, o Sporting era sistematicamente o terceiro colocado. É que se dragões e águias possuem mais dinheiro para formar as suas equipas, ainda não vi o Sp. Braga, o Paços, o Estoril ou o Rio Ave apresentarem orçamentos superiores aos dos leões. Pelos vistos têm tido é gente mais capaz, perspicaz, inteligente e não só... Mas, se Bruno de Carvalho está a ir no bom caminho, falta saber se as bolas vão entrar ou bater nos ferros. E com isso ele não pode fazer nada.

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