quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

As escolas e a vida numa “bolha”


Foi mais um dos termos que a pandemia injectou no quotidiano. “Bolha”, que é como quem diz nada de contactos fora do grupo. Nas escolas garantia-se: “Continua cada turma na sua bolha.” Isso significava os alunos terem a mesma sala de aula atribuída, deslocarem-se ao refeitório sem outras companhias para além da dos colegas da turma, só saírem para os corredores ou para o ar livre sem presenças “estranhas”.

Já era uma sorte, porque a regra geral definida pelas autoridades de saúde tinha sido para que nem saíssem da sala durante o intervalo, que deveria ser de apenas cinco minutos. A experiência levou várias escolas a furarem esta indicação, como conta uma professora de Lisboa: “A ideia destes intervalos passados na sala até tinha sido boa para evitar contágios, mas tornou-se insustentável. Eles tinham mesmo de poder respirar.” E assim os alunos passaram a poder “sair um bocadinho, mas mantendo-se na sua bolha”.

Depois de um ano de 2020 marcado pelo ensino à distância, logo no início de 2021 os estudantes do ensino básico e secundário voltaram para casa devido ao caudal de infecções e mortes que começava a ser provocado pela então nova variante Delta. A interrupção das actividades lectivas, iniciada a 22 de Janeiro, deveria prolongar-se por 15 dias, mas acabou por estender-se até Abril.

As restrições impostas nas escolas acabaram por ser mais rígidas do que as praticadas na vida em sociedade, mas outras mantiveram-se iguais, com a máscara omnipresente. Beber um café tornou-se uma miragem, mesmo ao postigo a sua venda foi interdita entre Janeiro e Abril, e muitos estabelecimentos fecharam nesse período, tendo acontecido o mesmo com os bares das escolas.

As refeições em take-away generalizaram-se e, para prevenir contactos próximos, os refeitórios escolares também seguiram essa prática — não só quando garantiram refeições aos alunos mais carenciados, durante o período em que as escolas estiveram fechadas, como também aquando da sua reabertura em Abril.

Apesar de o país ter começado então a entrar gradualmente em desconfinamento, no regresso às aulas manteve-se o que já vinha sendo a prática: uso de máscaras obrigatória, desinfecção de mãos, circulação condicionada no recinto escolar e horários desencontrados, para evitar concentrações de alunos, com uns a começar mais cedo pela manhã e outros a arrastarem as aulas até mais tarde.

Pelo caminho, à medida que surgiam casos de infecção, as turmas iam sendo enviadas para casa, com os alunos obrigados a cumprir, de cada vez, 14 dias de isolamento – uma prática que se prolongou durante todo o ano de 2021. Mesmo depois de o Governo ter declarado que 1 de Outubro seria o “dia da libertação”.

Nessa altura, nas escolas, o uso de máscaras passou a ser facultativo nos recreios e as actividades desportivas voltaram a entrar no espaço escolar. Cá fora, as discotecas e bares reabriram, o acesso a restaurantes e cafés deixou de estar condicionado.

À semelhança dos adultos, também os jovens entre os 12 e os 18 anos foram vacinados em massa. No início do ano lectivo 2021/2022 acreditava-se que esta era a garantia para não voltar a mandar os alunos para casa sempre que um ou outro ficasse infectado. Acabou por não acontecer assim.

Fonte: Público

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