Relato de uma colega:
Ou nos sentimos mal. Ou parece que algo está mal.
Eu hoje vou ser rápida.
Numa pincelada descrevo a forma como vejo o Carnaval na Escola.
Entro numa sala de aula colorida, cheia de sorrisos expectantes por trás de camadas e camadas de maquilhagem.
Estão mascarados e esperam, ansiosos, pela minha reacção.
Vou dizendo, com um sorriso, “Good afternoon! So many princesses! And pirates!Uau and a policeman! Uuuhhh scary monster!Ena! Uma sala cheia de personagens estranhas! O que fizeram aos meus alunos? Onde estão os meus meninos?“
Eles riem-se, pueris, aliviando o nervosismo da expectativa de me mostrar os fatos!
Chego à minha secretária e sinto a mão de um deles no meu ombro.
“Olha, teacher, gostas do meu disfarce de palhaço?“
Levanto o olhar
e
gela-me o coração.
Não há
um traje,
uma peruca,
uma boca pintada de branco,
o costumeiro nariz redondinho de borracha rubra.
Nada!!!!!
À excepção de uma singela pintinha vermelha na ponta do nariz.
Penso: pintaste-a tu com a borrona, nem batom é… e de imediato penso também: e vieste perguntar-me se gosto do disfarce, antes que te perguntasse pela ausência dele…
Uma gigante onda de compaixão inunda o meu coração.
Brinco.
Sai-me qualquer coisa para aliviar o sofrimento (o dele e o meu):
“Que belo palhacinho! (afago-lhe os caracóis desalinhados) Nem era preciso um grande disfarce porque todos os dias nos fazes rir! És o nosso palhacinho, não és?“
Ele ri-se, com um trejeito do rosto e olhar maroto, sem saber muito bem se há-de orgulhar-se ou envergonhar-se da reputação.
Apercebo-me que, se calhar, não foi a coisa certa para dizer. Tento emendar.
“E eu, sabes de que venho mascarada?“
(eu não ia mascarada!)
“De bruxa má! (faço um riso cavernoso!)
“De professora bruxa mazona! Que é o que eu sou todos os dias!!!!!!“
“Não é naaaaaaadaaaaaaa!”, apressam-se a corrigir-me em coro e querem abraçar-me em massa.
A aula acontece.
À saída surpreende-me um vestido cantante. As coisas que eles inventam! É um traje de princesa. A miúda carrega numa ametista que traz no vestido e aquilo começa a cantarolar…
elogio-lhe o vestido azul,
mas é a pinta vermelha que não me sai da cabeça!
Fonte: ComRegras
Sem comentários:
Enviar um comentário