A propósito do prémio da iniciativa da Varkey Foundation (Global Teacher Prize), divuldado e promovido pela Rádio Comercial, o Alexandre Henriques faz um enquadramento notável, chegando à conclusão de que o melhor professor está em todas as escolas.
Não quero fazer mais um texto de queixumes e lamurias, de sentimento de injustiça onde o desprestigio social sente-se como uma faca espetada nas costas de muitos professores.
Mas o “Nobel da Educação” obriga-me a lembrar o que muitos esquecem…
Há anos que vejo muitos professores a darem mais do que deviam à Escola Pública, professores que não precisam de avaliações, de cotas ou cotinhas, de evidências, relatórios, ou de pressionar outros para ultrapassar outros… Eles dedicam-se de corpo e alma ao seu trabalho, é uma forma de estar na vida, fossem professores, carpinteiros ou pasteleiros, seriam sempre profissionais de excelência, está-lhes no sangue, é um “defeito” de fabrico. Estes são alvo de admiração por parte dos colegas, mas também alvo de umas quantas invejas mesquinhas, fúteis, completamente desprezíveis.
A escola só funciona pelo amor à camisola de muitos professores, um amor que muitos ignoram, que pensam que não é quantificável ou medível…
Professores que abdicam do seu tempo pessoal, professores que viram a sua carreira sacrificada, que abdicam da sua família, que migraram e migram constantemente na procura constante por uma estabilidade profissional que teima em ser adiada. Professores que se irritam quando os alunos não trabalham, professores que ficam frustrados pelo seu insucesso, que desabafam na sala dos professores, que “lutam” para que os pais não negligenciem os seus filhos, que são a última barreira para que o aluno não abandone, chegando ao ponto de pôr dinheiro do próprio bolso para dar o (im)possível…
Tudo isto são sinais de qualidade e quando coadjuvadas por uma competência científica e de relacionamento com os alunos, estamos perante a verdadeira excelência.
Os professores são muito mais do que deviam ser, são o melhor da natureza humana e estão um pouco por todo o lado, um pouco por TODAS as escolas.
Não há avaliação ou prémios que façam justiça ao trabalho que os professores realizam diariamente. Eles são o nosso orgulho e não preciso de um concurso para apontar uns quantos que tive o privilégio de conhecer ao longo da minha carreira, que me mostraram que ser professor é muito mais que um diploma, é algo que se aprende mas acima de tudo que se sente.
Para todos aqueles que vão ficar fora do Global Teacher Prize Portugal, fica o meu, o nosso reconhecimento, o meu, o nosso, muito obrigado.
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