segunda-feira, 4 de março de 2013

Corruptocracia ou Cleptocracia?


Portugal, lugar das nossas desilusões, frustrações, sonhos atirados para um canto, beco sem saída dos nossos projectos - pessoais, familiares, profissionais -, caixote do lixo do nosso futuro, é um território a que apenas resta o clima aprazível que a maior parte do ano se faz sentir. Governado por redes de corruptos e ladrões, feita de interesses, negociatas, arranjinhos, e que se digladiam por um posto no poleiro a que se agarram com unhas e dentes, com a força feroz de um animal que luta por uma presa. A presa são a maioria dos Portugueses, muitos deles inconscientes do seu estado de presa, outros dóceis vítimas que respeitam os carrascos (Sartre dixit), outros ainda fiéis defensores dos seus captores (reféns que defendem os seus sequestradores, esperando obter a sua benevolência - Nils Bejerot dixit). Outros que restam, fazendo claque por um ou outro ladrão que sobe ao púlpito, fazem ou querem fazer parte da rede, de uma qualquer rede daquelas que sem apelo nem agravo pesca os Portugueses, e deles se alimenta.

Existem as redes denominadas partidos políticos - mais correcto seria chamar-lhes agências de emprego, ou agências de colocação - mas não seria o termo certo, pois em Portugal as agências de emprego são meras fachadas de redes que exploram o trabalho e os trabalhadores, como intermediários que compram e vendem uma mercadoria. Ou dito de outra forma: os partidos políticos são as verdadeiras agências de emprego, as agências de emprego são outra coisa qualquer. Existem também as redes dos grandes grupos económicos e financeiros, os verdadeiros tubarões da pirâmide, que com os seus tentáculos não se contentam com caçar a arraia miúda. Eles são pescadores dos partidos políticos, que manobram, transformando-os em marionetas - ou mesmo fantoches - que agem conforme os seus interesses.

Estes dois tipos de redes existem a todos os níveis - e de todas as dimensões. Desde o compadrio na Junta de Freguesia, até ao perfilhamento na Assembleia da República. Come-se, muito ou pouco, conforme a rede a que se pertence. Quem não come, mais cedo ou mais tarde, é comido. E os pequenos comedores acabam comidos pelos grandes comedores. Fora desta cadeia alimentar, aqueles que conseguem fugir (por não serem presa apetecível) ou são regurgitados (por não serem presa comestível), tentam sobreviver - sabe-se lá com que sacrifícios e com que dificuldades - longe da Pátria madrasta.

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