Realizado por John Moore
Com Bruce Willis, Jai Courtney, Sebastian Koch, Mary Elizabeth Winstead
Há sagas que deveriam permanecer intocadas até ao fim dos tempos e a saga “Die Hard” é uma delas. Após uma trilogia relativamente bem-sucedida, 2007 acolheu a estreia de um quarto capítulo que já pouco tinha em comum com as películas originais e que, talvez por causa disso mesmo, não causou o impacto esperado no seu público-alvo. E agora, seis anos mais tarde e numa altura em que praticamente ninguém antecipava o regresso do azarado John McClane aos cinemas, eis que John Moore (controverso realizador irlandês de um conjunto de obras que nunca convenceu o público e a crítica) decide retirar o herói improvável da reforma para lhe conceder uma nova aventura repleta de adrenalina. Vou ser o mais franco possível: como filme de ação, este quinto capítulo até passa com distinção nos exames médicos, sendo bastante vistoso e possuindo um ritmo que jamais deixa o espectador passar pelas brasas; todavia, não passa da mediocridade quando é encarado como um todo, muito por causa de um argumento rebuscado, uma relação pai-filho mais que vista e demasiado forçada, e um final verdadeiramente ridículo. Não é, seguramente, o regresso de McClane aos tempos de glória e é uma pena que assim seja.
Desta feita, a ação abandona o território norte-americano e voa até à Rússia, mais propriamente até Moscovo. Jack McClane (Jai Courtney) – o filho do herói que despachou uns quantos terroristas no Nakatomi Plaza, salvou o aeroporto internacional de Washington D.C., limpou o sebo ao irmão de Hans Gruber e fez frente a terroristas informáticos nas horas vagas da sua vida infortunada – é um agente da CIA que está destacado em solo russo para salvar a pele de um prisioneiro político que contém informações confidenciais que podem colocar o governo da nação local em sérios embaraços. Na consumação dos seus deveres, contudo, Jack é capturado pelas autoridades moscovitas e colocado numa cela adjacente à do prisioneiro que deveria proteger. Enquanto estes acontecimentos decorrem na velha Europa, John McClane (Bruce Willis) obtém a informação de que o filho se encontra em apuros e, apesar de estar de relações cortadas com o mesmo, viaja de pronto para Moscovo com o intuito de resgatar o rebento e trazê-lo de volta a casa. Porém, as coisas depressa se complicam e John vê-se uma vez mais obrigado a lidar com criminosos internacionais em pleno período de férias. A novidade é que desta feita não está sozinho, pois tem o filho a seu lado para formar uma parelha que rapidamente coloca as ruas de Moscovo em polvorosa.
O principal defeito deste “A Good Day to Die Hard” reside no facto de não possuir a aura de um filme da saga “Die Hard”. John McClane está lá, debita piadas no seu estilo habitual e até manda cá para fora a famosa frase “Yippee Ki-Yay Mother Fucker!”, mas o sentimento já não é o mesmo das películas que formaram a trilogia original. De facto, a presença de McClane é o único fator que remete os nossos pensamentos para “Die Hard”. Se o protagonista se chamasse John Doe, todos pensariam que estaríamos na presença de um filme de ação sem qualquer ligação ao universo “Die Hard”, mesmo que o tal John Doe fosse interpretado por Bruce Willis. E este é o maior pecado desta obra, pois não basta ter Willis a fazer de McClane e colocar a palavra “Die Hard” no título do filme para se dar vida a uma película digna desse universo. Ironia das ironias, McClane até parece não se enquadrar inteiramente no espírito do filme, afirmando-se quase como um side-kick do filho Jack. O argumento é tão pobre que nem arranja uma desculpa aceitável e minimamente convincente para inserir McClane de modo satisfatório nesta trama de espionagem à moda da guerra fria entre os Estados Unidos da América e a União Soviética. Quiseram fazer algo de diferente e expandir os horizontes da saga, o que até é de aplaudir. Mas a concretização da ideia deixou muito a desejar, esbarrando num produto final medíocre e desfasado do universo que pretende homenagear. Muitas das culpas deste fracasso vão então para John Moore, que não conseguiu encontrar o melhor tom para a relação dura entre os dois McClane (permitindo que esta relação ficasse manchada por lugares-comuns e por um notório sentimento de inverosimilidade) e que transformou a cena final numa chungalheira digna de uma telenovela mexicana. Salvam-se as brutais, ambiciosas e bem coreografadas sequências de ação, que entretêm quanto baste e que livram a película do total descalabro.
Com Bruce Willis, Jai Courtney, Sebastian Koch, Mary Elizabeth Winstead
Há sagas que deveriam permanecer intocadas até ao fim dos tempos e a saga “Die Hard” é uma delas. Após uma trilogia relativamente bem-sucedida, 2007 acolheu a estreia de um quarto capítulo que já pouco tinha em comum com as películas originais e que, talvez por causa disso mesmo, não causou o impacto esperado no seu público-alvo. E agora, seis anos mais tarde e numa altura em que praticamente ninguém antecipava o regresso do azarado John McClane aos cinemas, eis que John Moore (controverso realizador irlandês de um conjunto de obras que nunca convenceu o público e a crítica) decide retirar o herói improvável da reforma para lhe conceder uma nova aventura repleta de adrenalina. Vou ser o mais franco possível: como filme de ação, este quinto capítulo até passa com distinção nos exames médicos, sendo bastante vistoso e possuindo um ritmo que jamais deixa o espectador passar pelas brasas; todavia, não passa da mediocridade quando é encarado como um todo, muito por causa de um argumento rebuscado, uma relação pai-filho mais que vista e demasiado forçada, e um final verdadeiramente ridículo. Não é, seguramente, o regresso de McClane aos tempos de glória e é uma pena que assim seja.
Desta feita, a ação abandona o território norte-americano e voa até à Rússia, mais propriamente até Moscovo. Jack McClane (Jai Courtney) – o filho do herói que despachou uns quantos terroristas no Nakatomi Plaza, salvou o aeroporto internacional de Washington D.C., limpou o sebo ao irmão de Hans Gruber e fez frente a terroristas informáticos nas horas vagas da sua vida infortunada – é um agente da CIA que está destacado em solo russo para salvar a pele de um prisioneiro político que contém informações confidenciais que podem colocar o governo da nação local em sérios embaraços. Na consumação dos seus deveres, contudo, Jack é capturado pelas autoridades moscovitas e colocado numa cela adjacente à do prisioneiro que deveria proteger. Enquanto estes acontecimentos decorrem na velha Europa, John McClane (Bruce Willis) obtém a informação de que o filho se encontra em apuros e, apesar de estar de relações cortadas com o mesmo, viaja de pronto para Moscovo com o intuito de resgatar o rebento e trazê-lo de volta a casa. Porém, as coisas depressa se complicam e John vê-se uma vez mais obrigado a lidar com criminosos internacionais em pleno período de férias. A novidade é que desta feita não está sozinho, pois tem o filho a seu lado para formar uma parelha que rapidamente coloca as ruas de Moscovo em polvorosa.
O principal defeito deste “A Good Day to Die Hard” reside no facto de não possuir a aura de um filme da saga “Die Hard”. John McClane está lá, debita piadas no seu estilo habitual e até manda cá para fora a famosa frase “Yippee Ki-Yay Mother Fucker!”, mas o sentimento já não é o mesmo das películas que formaram a trilogia original. De facto, a presença de McClane é o único fator que remete os nossos pensamentos para “Die Hard”. Se o protagonista se chamasse John Doe, todos pensariam que estaríamos na presença de um filme de ação sem qualquer ligação ao universo “Die Hard”, mesmo que o tal John Doe fosse interpretado por Bruce Willis. E este é o maior pecado desta obra, pois não basta ter Willis a fazer de McClane e colocar a palavra “Die Hard” no título do filme para se dar vida a uma película digna desse universo. Ironia das ironias, McClane até parece não se enquadrar inteiramente no espírito do filme, afirmando-se quase como um side-kick do filho Jack. O argumento é tão pobre que nem arranja uma desculpa aceitável e minimamente convincente para inserir McClane de modo satisfatório nesta trama de espionagem à moda da guerra fria entre os Estados Unidos da América e a União Soviética. Quiseram fazer algo de diferente e expandir os horizontes da saga, o que até é de aplaudir. Mas a concretização da ideia deixou muito a desejar, esbarrando num produto final medíocre e desfasado do universo que pretende homenagear. Muitas das culpas deste fracasso vão então para John Moore, que não conseguiu encontrar o melhor tom para a relação dura entre os dois McClane (permitindo que esta relação ficasse manchada por lugares-comuns e por um notório sentimento de inverosimilidade) e que transformou a cena final numa chungalheira digna de uma telenovela mexicana. Salvam-se as brutais, ambiciosas e bem coreografadas sequências de ação, que entretêm quanto baste e que livram a película do total descalabro.
Fonte: Portal Cinema
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