Gandolfini não era apenas Tony Soprano. Era Leroy em A Mexicana (com Brad Pitt e Julia Roberts), o coronel Winter em O Último Castelo (com Redford), o detetive Hildebrandt em Corações Solitários (com Travolta), Big Dave em O Barbeiro (com Billy Bob Thornton e Frances McDormand) – e uma longa série de personagens secundários que interpretou com aquele tom discreto que fazia dele «o homem que não estava lá». Mas só James Gandolfini podia dar a Tony Soprano aquele olhar triste, comovente, duro, divertido, onde a astúcia se perde na procura de uma bondade impossível, porque Soprano era Soprano, nunca teria remissão para nenhum dos seus pecados, apesar da depressão que o domina. Poucos personagens se colaram tão assim a um actor que entra na galeria dos grandes desperados americanos. Na sua morte (só podia ser do coração) repita-se uma das suas deixas notáveis: «Jesus fuckin’ Christ!»
Fonte: A Origem das Espécies
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