sábado, 1 de janeiro de 2022

A opinião do Prof-Folio (III): 12 passas, 12 desejos

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Dedico este artigo aos desejos que gostava que se realizassem na minha área profissional, a educação e se as passas não forem suficientes que os façam chegar ao próximo ministro da Educação. A ordem não é relevante.

1.º
Desejo que na próxima legislatura o ministro seja competente e que quem o rodeia perceba alguma coisa de Educação. Melhor se tiver alguma formação relevante na área de intervenção governativa.

2.º
Desejo que libertem os professores da responsabilidade exclusiva das funções assistencialistas, entregando-as a quem está capacitado como os psicólogos, assistentes sociais, terapeutas, para que os professores se foquem no desempenho primordial, o ensino e instrução sustentada numa relação pedagógica não inquinada.

3.º
Desejo que com dois ou três despachos libertem os professores de tudo o que seja burocracia ineficaz, ineficiente e torturante. Imaginam a quantidade de planos e relatórios inúteis que os docentes são obrigados a produzir com enormes repercussões negativas na função primordial, que é ensinar?

4.º
Desejo que todo o dinheiro que se gasta em centenas de projectos altamente dúbios quanto à sua eficiência no processo de ensino-aprendizagem, de onde são os mais conhecidos o MAIA, o Ubuntu ou o Plano 21/23 Escola +, seja canalizado para as escolas que o deverão investir naquilo de que cada uma delas realmente necessita. Numas serão os recursos humanos, noutras os recursos tecnológicos e por aí fora.

5.º
Desejo que se devolva todo o tempo de serviço docente efectivamente prestado e que em consequência disso se reposicione nos respectivos escalões todos os professores.

6.º
Desejo que seja revisto o Estatuto Carreira Docente, desde logo com a revisão remuneratória, passando pela revisão dos escalões e respectivo acesso, excluindo a priori toda e qualquer norma bloqueadora de progressão como hoje temos com as quotas administrativas ou mesmo o limite de notas máximas em cada agrupamento.

7.º
Desejo que seja abolida a classificação do desempenho, que de avaliação tem nada, dentro da escola.

8.º
Desejo que se encare a indisciplina como um dos males maiores dos espaços escolares e se crie mecanismos de prevenção e combate em conjunto com as diversas estruturas sociais.

9.º
Desejo que sejam revistos os decretos que regulamentam o número de alunos por turma, onde deverá estar regulamentado o máximo de alunos por professor.

10.º
Desejo que se proceda à alteração do modelo de gestão dos estabelecimentos de ensino, recuperando a sua democraticidade. Pôr fim aos agrupamentos escolares que não são mais que um corte umbilical com a respectiva identidade cultural e pedagógica.

11.º
Desejo que sejam revistos os ratios de funcionários e auxiliares das escolas para pôr fim a uma das maiores carências do sistema.

12.º
Desejo que todos os meus desejos se realizem.

Com estes desejos realizados estaríamos no caminho certo para elevar a Educação, tornando-a uma prioridade política. Com acordos parlamentares significativos seria possível. Basta que haja vontade política e que haja coragem para trazer a debate público os problemas da educação. Problemas esses que são altamente menorizados pelos governantes com uma enorme conivência dos meios de comunicação social.

Fonte: Alberto Veronesi in Público

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