Enquanto os negros soltavam suas emoções, os brancos viam o lado prático da coisa. Para os fazendeiros, as work-songs (canções de trabalho) ajudavam a imprimir um ritmo ao trabalho no campo e deixavam os escravos mais alegres. A partir da década de 1860, os spirituals - canções religiosas entoadas pelos negros africanos desde sua chegada à América - sofreram uma mutação fundamental. Além de apelar para Deus, os escravos começaram a curar suas dores de amor através da música.
É um sentimento, ou um estado de alma, identificado com a tristeza, a melancolia, o desgosto, sendo também, o lamento do andarilho das estradas, o mesmo que chegou até as cidades, adotou o microfone e a guitarra elétrica.
A transgressão não estava somente na conotação amorosa e sexual das letras do Blues.
No formato musical, o estilo também marcou uma ruptura!
O primeiro berço dos blues foi a vasta planície do Delta, alagada pelos rios Mississipi e Yazoo, onde a população negra constituía uma maioria oprimida. Este género musical era uma arte declarativa, confessional: o cantor de blues começava por ser um poeta espontâneo, que nos falava de si, do que lhe aconteceu, do que lhe fizeram. Usavam instrumentos simples como, guitarra acústica, piano e harmónica (blues harp). Filhos de escravos, camponeses, pobres, sujeitos às violências da segregação racial, que mais tarde se tornaram imigrantes, quando, dessa terra fértil partiram para o Norte, para as cidades industriais: por Memphis e St. Louis, atéChicago e Detroit, mais tarde New York – a mesma estrada seguida depois pelo jazz, desdeNew Orleans.
O género deve ser considerado um dos principais afluentes do grande rio do jazz, mas também é possível observar o seu desenvolvimento paralelo. O jazz herdou dos blues a tonalidade, algumas estruturas de composição. Os blues receberam do jazz uma riqueza de interpretação e uma abundância de meios que não estavam ao alcance dos primeiros cantores solitários.
As influências estenderam-se a outros géneros de música popular ocidental e americana, com especial destaque para o rhythm and blues, rock and roll, country, e também na música pop convencional.
Nos fins do Século XIX e princípios do Século XX, W. C. Handt levou os blues para além da linha, tornando-os respeitáveis, e mesmo bem recebidos. Este músico, compositor e orquestrador foi a chave para a popularidade dos blues, conhecido como “father of the blues”, (O pai do blues).
Várias bandas de Jazz gravaram blues. Por volta de 1920 os blues tornaram-se definitivamente num elemento de destaque da música popular norte-americana.
Com o desenvolvimento da indústria discográfica, houve um crescimento da popularidade de cantores e guitarristas de country-blues como Blind Lemon Jefferson, Bling Blake, Son House, Robert Johnson, Charley Patton e Mississippi John Hurt.
Robert Johnson
Os discos destes artistas ficaram conhecidos como “race records” (discos raciais), devido ao facto de se destinarem quase exclusivamente a audiências afro-americanas.
Cantoras de blues, havia também na altura, e muito populares, destacando-se, Mamie Smith, Gertrude “Ma” Rainey, Bessie Smith e Victoria Spivey.
Muddy Waters
B. B. King
Quando os blues e o rock’n roll chegaram à Europa, passaram a influenciar nomes que se tornaram grandes ídolos da juventude: John Lennon, Paul McCartney, Mick Jagger, John Mayal, Steve Winwood, Eric Clapton, Jeff Beck e Jimi Page, que transformaram o blues rock através de bandas como Beatles, Rolling Stones (nome tirado de uma canção de Muddy Waters), Bluesbrakers, Yardbirds e também os Cream e os Led Zeppelin!
Através destes músicos e de outros, anteriores e posteriores, os blues influenciaram definitivamente o desenvolvimento de toda a música moderna!
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