Fora do manicómio em que os políticos indígenas cirandam, os estragos causados nos últimos anos bastariam para erradicar o PS do mapa político. Dentro do manicómio, o PS não apenas se acha no direito de reclamar o retorno antecipado ao poder como julga mais provável consegui-lo na exacta versão que, de desastre em desastre, o levou a perder esse poder. O dr. Seguro, faça-se-lhe a honra, quis mostrar-se envergonhado das proezas do partido e, sem grandes resultados, tentou disfarçá-lo sob o verniz da responsabilidade. O dr. Costa não tem vergonha nenhuma e, se o pernicioso regresso aos mercados não lhe trocar as sondagens, pondera apresentar-se às massas enquanto o orgulhoso representante dos desvarios que condenaram as massas a apertos sem fim à vista. Se nada garante que tamanha extravagância vá longe, a sua mera plausibilidade é suficiente para recear a falta de memória e de juízo do bom povo.
Mesmo no futebol, que não será um universo particularmente lúcido ou vital, é difícil imaginar os sócios do Benfica ansiosos por devolver à presidência aquele fulano que costuma gravitar entre os luxos de Londres e a cadeia. Na política, porém, é teoricamente possível reabilitar com leveza o sicrano que, após reduzir uma população à penúria, experimenta, alegadamente a expensas da família e da banca, as delícias de Paris (mas não, salvo seja, a cadeia). Os apóstolos do sicrano andam desejosos de terminar o lindo serviço que iniciaram, e o próprio já é um nome "óbvio" para Belém. Um país assim dá sempre vontade de rir. Mas raramente dá vontade de habitar.
Alberto Gonçalves
Fonte: DN
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