E, com certeza, o álbum The Wall (e também o filme) é o que mais tem essa capacidade de entrar nos nossos corações. Pode chamar-se alienação, mas, confesso que se eu não pudesse desabafar às vezes ao ouvir aquele solo de guitarra em Comfortably Numb bem alto, já teria encontrado alguma outra forma menos sadia de acabar, ou pelo menos de me aliviar das preocupações!
Alguns podem achar exagero, mas se : se você não entrar na história, não se envolver, o álbum The Wall será sempre um simples CD (ou vinil) duplo da capa branca, com "azulejos" e monstrinhos desenhados e que tem aquela música do "Hey teacher!". Porém, se você assistir o filme, deixar as músicas entrarem em seu coração, e passar a enxergar o muro que envolve a cada um de nós, verá que a obra retrata as nossas próprias vidas, o nosso sofrimento de pessoas inteligentes que se importam e sofrem com o mundo que está aí.
Afinal de contas, The Wall não é simplesmente uma história baseada na vida de Roger Waters, o seu grande criador e compositor, pois, se prestar muita atenção, irá descobrir que essa "autobiografia implícita" é apenas um pretexto para Waters e, por que não, Gilmour, apontarem tudo o que há de absurdo neste mundo louco em que vivemos!
Este texto não tem a pretensão de descrever tudo o que Roger Waters quis expressar com o álbum e com o filme, pois talvez nem ele próprio tenha ideia da dimensão que sua obra tomou e das inúmeras interpretações que podem surgir sobre a obra em si.
A história
Na verdade, tudo começou com "Animals", que era uma espécie de "pré-The Wall", onde Waters, inspiradíssimo no livro de George Orwell "A Revolução dos Bichos" critica o caráter do ser Humano comparando-o a animais, onde tudo acaba como começa: antes os fazendeiros dominavam seus animais, até estes decretarem uma revolução contra seus donos, expulsando-os. Eles abominavam qualquer tipo de atitude semelhante com um ser humano, lembrem-se "quatro patas bom, dois pés ruins". Depois de muito tempo, a ganância e o poder sobem às cabeças de seus líderes(os Porcos) que no final acabam agindo igualmente aos seus ex-donos Humanos e começam a se vestir com roupas e andar como Bípedes e no final se torna "quatro patas bom, duas melhor ainda". Então Waters radicalmente desenvolveu sua crítica criando The Wall.
Uma parte da idéia surgiu num desastroso concerto de 1977 onde Waters cuspiu na cara de um frequentador da plateia que invadira o palco. Isso tornar-se-ia um dos temas do álbum.
Marcado pelas letras amargas compostas por Waters, o disco tem uma qualidade sonora marcante, com destaque para a perfomance de Gilmour na guitarra. Está repleto de ruídos, gritos, vozes, mensagens ocultas, diálogos e mínimos detalhes.
A gravação do album ficou marcada pelas diferenças que surgiram entre Waters e Wright, causadas pelo início da paranóia de Waters e pelo consumo de cocaina de Wright. Wright acabaria mesmo por deixar o grupo, tocando como músico contratado durante os concertos.
The Wall era o décimo primeiro álbum de estúdio da banda inglesa e foi lançado como álbum duplo em 30 de Novembro de 1979.
O disco foi um enorme sucesso comercial, permanecendo nos tops americanos por 15 semanas e grangeou um disco de platina em março de 1982 por ter vendido um milhão de cópias.
O desastre do concerto de 77 acabou por originar inspiração para a monumental digressão de The Wall que aconteceria nos anos de 80/81. O primeiro concerto foi marcado por um incêndio logo no início quando uma das cortinas acabou por se incendiar devido aos fogos de artifício que eram utilizados.
No ano de 1982, Alan Parker realizou o filme homónimo tendo o ator Bob Geldof no papel principal. Embora o filme tenha ganhado um bom reconhecimento, Waters não ficou muito satisfeito com o resultado final.
The Wall é uma obra de protesto contra o mundo, as suas bases, e as pessoas que o formam!
Quebrar o muro significa mudar o mundo, para que não precisemos mais ficar isolados dele. Mas isso é muito difícil!
O filme
O álbum
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