Em menos de 24 horas o governo conseguiu anular quase completamente o discurso da oposição, conseguindo a proeza de cair em cima do PS e de António José Seguro com toda a “artilharia pesada”, num momento em que este ensaiava uma estratégia de afirmação de uma alternativa para além das palavras.
Vejamos como:
Num primeiro momento, quando foi conhecido o pedido de “mais tempo”, timidamente anunciado pelo ministro Vítor Gaspar, Seguro reagiu em força e com pompa afirmando que “o PS tinha razão” porque já o dissera há muito tempo. Logo a seguir, o sibilino mas muito inteligente vice-presidente do PSD, Moreira da Silva, veio responder que a estratégia do Governo foi “adequada” e a do PS “incorrecta“ (…) contradizendo Seguro e afirmando que “o que o PS vem defendendo era mais tempo, mais troika, mais crédito. O que se verificou foi o contrário. O Governo conseguiu cumprir metas, deu resultados.”
Entretanto, o governo puxou da cartola “regresso aos mercados”, ligando os dois acontecimentos e enquadrando-os na ”teoria da credibilidade”, desviando assim as atenções das suas óbvias contradições do “nem mais tempo nem mais dinheiro” e fazendo spin para a discussão do sucesso (garantido) da operação financeira.
Entre criticar o governo pelo atraso no pedido de “mais tempo” e congratular-se com o segundo – o “regresso aos mercados” – o PS ficou sem estratégia e sem resposta às críticas que lhe caíram em cima, vindas de várias vozes da maioria: Pires de Lima, na Antena 1, desancou Seguro, acusando-o “de ter andado nos últimos dias a fazer “figuras tristes” com as suas declarações políticas”; nas televisões, os banqueiros louvam o “sucesso” do governo e, no Parlamento, o deputado do PSD, Luís Meneses, faz-se de escandalizado com as “politiquices”do PS em resposta ao PS e à restante oposição que desvalorizaram o papel do governo valorizando o do Banco Central Europeu.
Até a ridícula reacção de Paulo Portas, pondo-se em bicos de pés, a “confessar que se empenhou pessoalmente nesta tomada de posição do Governo junto das instituições europeias“ passou despercebida.
O PS parece não ter percebido que não era o momento de entrar em disputa sobre o mérito ou o demérito das duas acções empreendidas pelo governo. Mostrar-se prudente, como fez o deputado João Almeida, o único que reagiu com inteligência, teria sido a posição adequada, já que o PS parece ter sido surpreendido pelos acontecimentos, o que é, aliás, inexplicável no maior partido da oposição, que tinha obrigação de antecipar os acontecimentos das últimas 24 horas e preparar uma reacção integrada e coerente. Para isso é que servem os contactos internacionais e os gabinetes de estudos dos partidos.
Como se isso não bastasse, o PS enredou-se em declarações públicas de dirigentes, pedindo antecipação do congresso do partido para preparar uma eventual “crise política” dando um sinal de divisão e desnorte causador da maior perplexidade. De facto, falar em “crise política” no momento em que os media falam de “grande sucesso do governo” é qualquer coisa de insólito e inesperado.
Passada a euforia da maioria e o contentamento dos banqueiros, espera-se que o PS mostre ao País o que significa o “regresso aos mercados” e “o mais tempo” sem mais dinheiro e como é que os portugueses vão beneficiar do sucesso conseguido, ou, pelo menos, apregoado.
Depois, poderá, com calma, preparar o seu congresso.
Ontem, o treinador não esteve à altura do desafio e sofreu um golo na própria baliza.
Num primeiro momento, quando foi conhecido o pedido de “mais tempo”, timidamente anunciado pelo ministro Vítor Gaspar, Seguro reagiu em força e com pompa afirmando que “o PS tinha razão” porque já o dissera há muito tempo. Logo a seguir, o sibilino mas muito inteligente vice-presidente do PSD, Moreira da Silva, veio responder que a estratégia do Governo foi “adequada” e a do PS “incorrecta“ (…) contradizendo Seguro e afirmando que “o que o PS vem defendendo era mais tempo, mais troika, mais crédito. O que se verificou foi o contrário. O Governo conseguiu cumprir metas, deu resultados.”
Entretanto, o governo puxou da cartola “regresso aos mercados”, ligando os dois acontecimentos e enquadrando-os na ”teoria da credibilidade”, desviando assim as atenções das suas óbvias contradições do “nem mais tempo nem mais dinheiro” e fazendo spin para a discussão do sucesso (garantido) da operação financeira.
Entre criticar o governo pelo atraso no pedido de “mais tempo” e congratular-se com o segundo – o “regresso aos mercados” – o PS ficou sem estratégia e sem resposta às críticas que lhe caíram em cima, vindas de várias vozes da maioria: Pires de Lima, na Antena 1, desancou Seguro, acusando-o “de ter andado nos últimos dias a fazer “figuras tristes” com as suas declarações políticas”; nas televisões, os banqueiros louvam o “sucesso” do governo e, no Parlamento, o deputado do PSD, Luís Meneses, faz-se de escandalizado com as “politiquices”do PS em resposta ao PS e à restante oposição que desvalorizaram o papel do governo valorizando o do Banco Central Europeu.
Até a ridícula reacção de Paulo Portas, pondo-se em bicos de pés, a “confessar que se empenhou pessoalmente nesta tomada de posição do Governo junto das instituições europeias“ passou despercebida.
O PS parece não ter percebido que não era o momento de entrar em disputa sobre o mérito ou o demérito das duas acções empreendidas pelo governo. Mostrar-se prudente, como fez o deputado João Almeida, o único que reagiu com inteligência, teria sido a posição adequada, já que o PS parece ter sido surpreendido pelos acontecimentos, o que é, aliás, inexplicável no maior partido da oposição, que tinha obrigação de antecipar os acontecimentos das últimas 24 horas e preparar uma reacção integrada e coerente. Para isso é que servem os contactos internacionais e os gabinetes de estudos dos partidos.
Como se isso não bastasse, o PS enredou-se em declarações públicas de dirigentes, pedindo antecipação do congresso do partido para preparar uma eventual “crise política” dando um sinal de divisão e desnorte causador da maior perplexidade. De facto, falar em “crise política” no momento em que os media falam de “grande sucesso do governo” é qualquer coisa de insólito e inesperado.
Passada a euforia da maioria e o contentamento dos banqueiros, espera-se que o PS mostre ao País o que significa o “regresso aos mercados” e “o mais tempo” sem mais dinheiro e como é que os portugueses vão beneficiar do sucesso conseguido, ou, pelo menos, apregoado.
Depois, poderá, com calma, preparar o seu congresso.
Ontem, o treinador não esteve à altura do desafio e sofreu um golo na própria baliza.
Fonte: Vai e Vem
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