Os treinadores são achados através de processos erráticos, inconsistentes e irresponsáveis e acabam cozinhados em lume (mais ou menos) brando.
Não está em causa a vontade que todos têm tido em dar o seu melhor ao Sporting. Contudo, “o seu melhor” tem sido manifestamente insuficiente. E porquê? A primeira razão mais óbvia é que o Sporting tem tido presidentes que não percebem nada de futebol. E se um clube de futebol vive essencialmente “do futebol”, o conhecimento sobre os seus meandros e sobre as razões que levam a potenciar o rendimento desportivo tem de ser inequívoco.
Nenhum dos últimos presidentes do Sporting percebia de futebol. Podiam perceber de construção civil, de relações bancárias, de vinho, de acções, de imobiliário, de cerveja, de golfe e de ténis, mas não percebiam o suficiente de futebol. E quando delegaram, fizeram-no por insegurança e, por via dela, por conveniência. Para tentar esconder insuficiências. Pior do que não saberem são aqueles que acham que sabem, como é o caso de Eduardo Barroso: arrepiante!
Godinho Lopes não veio alterar o que era preciso alterar, nesse sentido. Dir-se-á que foi por isso que chamou Luís Duque para “administrar” o futebol. Serviu-se dele como “trunfo eleitoral”, mas depois, entre manifestações de apoio e outros salamaleques, foi construindo em seu redor um império de hipocrisia. Esse é outro dos problemas do Sporting: não há efectiva solidariedade institucional. Os dirigentes do clube querem intrometer-se no futebol; a SAD desconfia, permanentemente, daqueles que estão sempre a meter o nariz. Não dá.
Não será, pois, surpresa que Luís Duque e Carlos Freitas acabem por acompanhar Sá Pinto nesta saída pela porta pequena do Sporting. Vergados pelas compras que não resultaram, mas sobretudo porque em Alvalade se instalou um clima de intriga e autofagia que a todos contamina e destrói, Duque e Freitas sucumbem à tentativa de Godinho Lopes em se agarrar ao “trono” por mais algum tempo...
É verdade que Sá Pinto não aguentou a pressão e, quando começou efectivamente a decidir ( o que levou tempo a fazer...), a falta de serenidade levou-o a decidir mal. Está tudo errado: as escolhas dos treinadores, as facturas que se pagam em função dessas escolhas, a fuga às responsabilidades, os custos pornográficos e a crença (inconsciente) no “leonismo”.
O Sporting, para se reencontrar, vai ter de cortar com esta linhagem de dirigentes que “desgovernou” o clube desde o aparecimento da SAD.
Seria bom que Godinho Lopes tivesse a humildade de reconhecer isso mesmo.
Entre escândalos, cooptações e investidores-fantasmas, conseguirá o Sporting resistir?
Fonte: Conversas da Bola
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