terça-feira, 16 de outubro de 2012

O treinador mistério - Paulo Guerrinha

O Sporting continua à procura de um treinador e as mensagens que passam na imprensa é que será um estrangeiro a assumir o comando técnico leonino. Nos últimos anos têm sido apenas treinadores portugueses e Alvalade é visto como um campo de massacre para os técnicos que por lá têm passado.

Mas a dúvida sobre uma solução “estrangeira” mantém-se. Um estrangeiro sairá mais caro e provavelmente a adaptação também será mais difícil. O Sporting precisa de um treinador que, em pouco tempo, consiga ressuscitar a equipa. Alguém que conheça os vícios e virtudes do clube, que saiba resguardar os jogadores e equipa técnica das “agressões” exteriores e faça passar a mensagem daquilo que pretende rápida e eficazmente. Mais de três semanas talvez começa a ser já um exagero. A este nível o treinador não chega a uma equipa para ensinar a jogar futebol. Tem de saber usar as peças que tem para ser eficaz no ataque e infalível na defesa.


Olhando para a história do Sporting, até 2002/2003 houve uma intermitência entre treinadores estrangeiros (na maioria) e portugueses. Época em que, com Laszlo Boloni no comando, ficou em terceiro lugar depois de ter sido campeão na época anterior. Esta época (2001/2002) foi, aliás, a última vez que os leões conseguiram arrecadar o título nacional.

Desde então o Sporting assumiu praticamente o terceiro lugar. Primeiro com Fernando Santos (2003/2004), José Peseiro (2004/2005 e parte da época 2005/2006), Paulo Bento, que substituiu Peseiro e se manteve até 2009/2010, e alcançou um segundo lugar histórico no ano em que assumiu o cargo. Paulo Bento conseguiu, aliás, segurar o segundo posto até à sua saída, ano em que os leões ficaram na quarta posição.

Desde Paulo Bento o Sporting não conseguiu terminar a época com o mesmo treinador que começou.
A história não é novidade. Nove treinadores em 4 épocas, todos portugueses, nenhum com capacidade de passar para os jogadores a filosofia de jogo necessária para chegar às vitórias. Por esta razão Godinho Lopes volta-se agora para um estrangeiro. Mas conseguirá dar a volta à crise?

Sá Pinto tinha o coração necessário mas faltou o calo. Em Portugal Godinho Lopes tem soluções que podem levar coração e experiência à equipa. E mais baratas do que a contratação de um estrangeiro. Além disso, Godinho Lopes tem de conseguir um contrato que não leve, no final da época, a ter mais uma indemnização para pagar a um treinador que sai por não cumprir os objectivos.

No meio de tanta incerteza e falta de esperança o mistério mantém-se: se os treinadores saem quando não atingem os objectivos, se os jogadores vão para o banco quando não rendem aquilo que devem, o que sucede a quem escolhe os treinadores?


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