Temos de criar as circunstâncias certas para que eles se manifestem, poderíamos pensar que esse seria o papel da educação, mas infelizmente isso não acontece.
Todos os sistemas educativos do mundo estão, frequentemente, em reformas, mas isso só não chega.
As reformas em si não servem a ninguém porque simplesmente é um arranjo de um sistema falido.
O que nós precisamos na educação não é uma evolução mas sim uma revolução.
Um dos desafios reais é inovar o fundamento dos sistemas educativos. Inovar é difícil porque significa fazer alguma coisa que para a maioria não é coisa simples. Significa meter em discussão tudo aquilo que damos como certo, as coisas que achamos óbvias.
O grande problema das reformas ou das transformações é a tirania do senso comum, quando as pessoas pensam: "Bem, sempre se fez assim não é agora que vamos mudar". Parece-me pertinente citar Abraham Lincoln (1862) que diz:"os dogmas do passado tranquilo são inadequados à tempestade presente, a situação está cheia de dificuldades e por isso devemos estar à altura da situação", e continuou "o nosso caso é novo por isso temos de pensar e de agir de um novo modo, temos de nos emancipar e só assim salvaremos o nosso país".
Continuamos hoje a fazer o que se faz há anos, apenas reformando/retocando aqui e ali mas nunca revolucionando o paradigma do sistema educativo, nem todos temos de ir para as universidades.
As comunidades humanas dependerão da diversidade de talentos não de uma formatação em massa, nem de uma concessão de habilidade singular.
E o coração dos nossos desafios é reconstruir a ideia de habilidade e de inteligência.
A universidade não pode começar na creche, a creche começa na creche, cada coisa a seu tempo.
Mas a competitividade é tão grande para entrar na creche certa, na escola certa que há entrevistas aos 10 anos, há testes de admissão, quase a pedirem a apresentação do currículo!
Outro grande problema é o conformismo, construímos os nossos sistemas educativos com o modelo de "fast-food", ou seja estandardizado. Deveríamos ter optado pelo modelo "Guia Michelin" onde nada é estandardizado, tudo é personalizado segundo as características locais.
Fomos levados por este sistema, "fast-food", que nos está a empobrecer o espírito e a energia, assim como o fast food deteriora o nosso organismo.
Acho que devemos reconhecer algumas coisas, antes de mais que o talento humano é tremendamente diversificado, as atitudes das pessoas são muito diferentes e que o talento é natural, basta que seja desenvolvido.
Mas também se trata de paixão, dificilmente alguém conseguirá desenvolver um dos seus talentos se não tiver paixão, e é isto que entusiasma o nosso espírito e nos dá energia.
Se fazem as coisas que amam e para as quais tem talento o tempo parece aumentar, uma hora parecem cinco minutos.
Quando se faz algo de que não se gosta é o inverso, cinco minutos parecem uma hora, e é por esta razão que tantas pessoas renunciam a escolarização, renunciam instrução e o próprio sistema educativo, porque o que este lhes oferece não alimenta a sua energia nem a sua paixão.
Devemos por isso passar de um modelo industrial do sistema educativo, baseado em conformismo, linearidade e segmentação das pessoas, para um modelo de produção mais baseado nos princípios da agricultura, pois o crescimento humano não é mecânico mas sim orgânico.
Não se pode pedir o resultado final do desenvolvimento humano, tudo o que podemos fazer, como faz o agricultor, é criar as condições dentro das quais começarão a crescer e a desenvolver.
Por isso, quando pensamos em reformar e transformar a educação não podemos pensar em clonar um sistema, mas sim de personalizar à nossa situação, e sobretudo personalizar às pessoas a quem se está a ensinar.
Poderá ser este um caminho?
Fonte: Na minha opinião...
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