segunda-feira, 12 de março de 2018

Presunção, estupidez e cegueira

O Luís Costa do Quadro Negro, publicou um texto que reflete com clarividência o estado em que está transformado o quotidiano dos professores.

Operários - Tarsila do Amaral

Frequentemente, deixamo-nos enredar na infindável parafernália de minudências em que os nossos afazeres, os nossos dias e a nossa vida, pessoal ou profissional, se transforma. De vez em quando, precisamos de um certo distanciamento, de um olhar simplificador que nos permita ver apenas o essencial, para não perdermos definitivamente a nossa Estrela Polar. É o que, modestamente, proponho fazer no parágrafo seguinte.

Os nossos políticos da Educação — por norma, gente paraquedista, alheia ao quotidiano escolar — nos últimos anos (há mais de uma década) “reformaram” tanto e tantas vezes, que transformaram o ensino num “espaço” inóspito para os professores. Dos que conheço pessoalmente e daqueles cuja opinião e cujo sentir, em todo o território nacional, vou auscultando diariamente, são muito raros os que gostam daquilo em que a Escola se transformou e continua a transformar; são muito raros aqueles que não estão saturados desta coisa desregulada e amorfa em que o quotidiano pedagógico se transformou e continua a transformar; são muito poucos — em todas as faixas etárias — os que não desejam realmente, intrinsecamente, abandonar a profissão ou antecipar a reforma.

É este o paupérrimo e revelador “estado da arte” no presente em que vivemos. É esta a inevitável consequência de tudo quanto os nossos omniscientes e omnipotentes políticos têm imposto aos professores. Mas mais revelador ainda — triste, preocupante e assustadoramente revelador — é vermos os políticos porfiarem na sua presunçosa e inexorável caminhada iluminista, achando que quem tem de mudar são os professores.

Qualquer criança, do primeiro ciclo, saberia dar a resposta certa.

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