segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Legislativas 2022 - Resultados


Ontem foi dia de eleições!

Para quem pretender saber todos os resultados das legislativas 2022 dos distritos, concelhos e freguesias, basta que aceda ao site que sugerimos hoje.

No site do MAI é possível consultar toda essa informação de uma forma rápida e muito intuitiva.



domingo, 30 de janeiro de 2022

Esta semana... na História (2)

Esta semana não haverá a habitual rúbrica "Esta semana... Na História". As razões de tal facto, é que hoje é um dia muito importante para o nosso país. Daí, longe de querer influenciar, em dia de reflexão e de votação, deixo-vos um concerto histórico... muito significativo em termos históricos!


Roger Waters (Pink Floyd) "The Wall" Live in Berlin 1990 ⚒⚒⚒ (SUB português)




sábado, 29 de janeiro de 2022

O Livro da semana: As doenças do Brasil, de Valter Hugo Mãe


AS DOENÇAS DO BRASIL, DE VALTER HUGO MÃE

SINOPSE

A "fera branca" quase exterminou os povos originários do Brasil. Ao longo de séculos, os brancos mataram aqueles que não podiam escravizar. A dada altura, em fuga, muitos negros encontraram ao acaso os povos de peles vermelhas e tantas vezes o entendimento e a paz aconteceram.
Valter Hugo Mãe cria para a Literatura actual duas figuras inesquecíveis: Honra e Meio da Noite, rapazes peculiares que, ao abrigo das aldeias gentis dos abaeté, estabelecem uma cumplicidade para certa ideia de defesa.
Honra é fruto da violação de um branco a uma abaeté. Cresce claro, humilhado por uma pele que diz não ser cicatriz daquele golpe porque é ferida. É sempre ferida.
Esta é uma delicadíssima história de resistentes. Exuberante aventura das palavras e da imaginação em busca da hipótese da paz.

SOBRE O AUROR

Valter Hugo Mãe é um dos mais destacados autores portugueses a actualidade. A sua obra está traduzida em variadíssimas línguas, merecendo um prestigiado acolhimento em muitos países. Com As doenças do Brasil completa 25 anos de edição e 50 anos de vida. Autor dos romances: Contra mim (Grande Prémio de Romance e Novela - Associação Portuguesa de Escritores); Homens imprudentemente poéticos; A Desumanização; O filho de mil homens; a máquina de fazer espanhóis (Prémio Oceanos); o apocalipse dos trabalhadores; o remorso de baltazar serapião (Prémio Literário José Saramago) e o nosso reino. Escreveu alguns livros para todas as idades, entre os quais: Contos de cães e maus lobos, O paraíso são os outros, As mais belas coisas do mundo e Serei sempre o teu abrigo. A sua poesia encontra-se reunida no volume publicação da mortalidade. Publica a crónica Autobiografia Imaginária, no Jornal de Letras, e Cidadania Impura, na Notícias Magazine. Com excepção da poesia, que tem chancela Assírio & Alvim, toda a sua obra está publicada pela Porto Editora.

PRÉMIOS

Grande Prémio Portugal Telecom Melhor Livro do Ano | Prémio Portugal Telecom Melhor Romance do Ano | Pena de Camilo Castelo Branco | Prémio Literário José Saramago | Prémio Almeida Garrett

terça-feira, 25 de janeiro de 2022

A opinião do Prof-Folio: Dos debates, há uma derrotada inequívoca: a Educação

Santana Castilho

Conviria recordar, a propósito do próximo acto eleitoral: que vai eleger deputados (230), que foram escolhidos por chefes de partidos, que não por nós; que os filiados em todos os partidos existentes somarão cerca de 200 mil cidadãos, isto é, 1,85% de um universo de 10 milhões, 821 mil e 244 eleitores (mapa eleitoral nº 1-C/2021, do CNE); que nenhum cidadão pode concorrer sem a aprovação das máquinas partidárias, caracterizadas pelos números citados; que só por via indirecta desta eleição acabará indigitado, que não eleito, um primeiro-ministro; que tudo isto coexiste com o Artº 2º da Constituição, que diz que “a República Portuguesa é um estado de direito democrático, baseado na soberania popular, … visando… o aprofundamento da democracia participativa” (o bold é meu).
A profundidade que se desejava e o esclarecimento dos eleitores foram inconciliáveis com debates de 25 minutos, prejudicados ainda pela insistência agressiva dos moderadores em temas menos importantes. Compreendo os constrangimentos das televisões em matéria de tempo. Mas esse constrangimento foi caricatamente anulado pelo anacronismo de aos debates curtos se sucederem análises longas de comentadores, que nos vieram explicar o que os políticos disseram.
 
Receio que o eleitorado fique dominado pelo tacticismo que as matemáticas parlamentares ditam, sem assumir que sem alterar o modo de fazer política (prevalência do interesse nacional sobre os interesses partidários e do interesse colectivo sobre os interesses sectoriais) não criaremos um ambiente político favorável à solução dos maiores problemas: centralismo administrativo, coesão territorial, demografia, criação e distribuição da riqueza, crescente dependência do capitalismo digital, funcionamento dos sistemas de justiça, saúde e educação.

Dos debates, há uma derrotada inequívoca: a Educação. A sua ausência da maioria deles, designadamente do que opôs Rio a Costa, é um péssimo sinal e evidencia quão cínico e vazio é o discurso dos políticos, quando dizem que dela depende o desenvolvimento e o futuro do país, mas depois a reduzem a mero acidente de percurso. Nada sobre a reorganização curricular, indispensável à retoma do valor do conhecimento na educação dos nossos jovens. Nada sobre a retoma do raciocínio lógico, que protege da falsa ciência e dos manipuladores manhosos. Nada sobre o fim do embuste, segundo o qual se aprende sem esforço e sem disciplina e a autoridade dos professores é coisa desnecessária às pedagogias modernistas do século XXI. Nada sobre a hipervalorização da digitalização da Educação. Nada sobre o papel das artes na educação das nossas crianças. Nada sobre a promoção social dos mais frágeis. Nada sobre o desmesurado poder dos que não dão aulas sobre os professores de sala de aula. Nada sobre a supremacia crescente do caciquismo paroquial na gestão das escolas. Nada sobre a depauperada formação inicial dos professores e sobre a hecatombe da falta deles. Nada sobre tanto que poderíamos juntar a estes nadas.
 
Sobre António Costa? Dir-se-ia que só tem uma preocupação: culpar os partidos que rejeitaram o OE e assustar o eleitorado com o caos, se ele for forçado a abandonar a paróquia. Apenas propõe o que já existe, com pequenas reconstruções faciais. No debate com Jerónimo de Sousa, António Costa, referindo-se à carreira docente, afirmou querer acabar “de uma vez por todas com este absurdo, que é ser a única carreira no conjunto do Estado em que durante décadas as pessoas têm de obrigatoriamente se apresentar a concursos, andar com a casa às costas e andar de escola em escola de quatro em quatro anos”. Disse-o como se não fosse ele o responsável primeiro por, durante seis anos, não ter posto cobro ao que agora rotulou de absurdo e classificou como “mau para a qualidade educativa e péssimo para a vida dos professores”. É preciso topete para dizer o que disse, sem bater no peito e pedir desculpa.
Sobre os programas? Claro que existem diferenças substantivas de conteúdo entre os diferentes programas eleitorais. Mas, de modo geral, todos assumem uma linha de continuidade com propostas anteriores e primam pela ausência de soluções novas, para problemas novos, num estranho conformismo com uma nefasta cristalização política.

In "Público" de 19.1.22

segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

Dia Internacional da Educação

Fonte: Fala!

O calendário das consciências assinala hoje o Dia Internacional da Educação. O universo da educação é muito provavelmente o reúne maior número de especialistas. Raramente se encontra alguém que não tenha opiniões bem firmes sobre qualquer assunto em matéria de educação. Aliás, também não é raro que especialistas de outras áreas científicas falem de ciências da educação recorrendo a aspas e produzam com a maior facilidade discursos pejorativos generalizados sobre pessoas/instituições que estudam e trabalham durante décadas em educação.

De facto, para muita gente, educação não é matéria de saber, é matéria de opinião e portanto… opinam.

Por coincidência estamos em plena campanha para eleições legislativas. Como cidadão que procura manter-se informado tenho acompanhado alguns debates e iniciativas, sobretudo quando são os líderes partidários a participar.

A questão é que lamentavelmente a educação tem estado arredada da agenda, certamente pelo sua pouca importância na vida e no futuro das comunidades. À excepção da discussão sobre o eventual impacto da pandemia e das restrições na vida escolar poucos aspectos interiores à educação têm merecido intervenções estruturadas e programáticas na campanha eleitoral.

A verdade é que, sou suspeito na afirmação (também tenho a minha agenda), a educação, o sistema educativo, o desenvolvimento das pessoas e das comunidades, a qualificação dos cidadãos são o motor do desenvolvimento e com impacto muito significativo em todas as áreas da vida em comunidade.

É verdade que não estranho, mas ainda assim parece-me um péssimo sinal.

Uma nota para a entrevista de José Pacheco ao DN. Julgo que vale a pena ler mesmo que tenhamos muitas ou poucas discordâncias com as afirmações.

Apple Lisa: Um desastre de computador que custava 10 mil dólares e que a NASA confiava


A história da Apple é rica em muitos momentos de glória tecnológica, apesar de ter fracassos que quase lhe custaram a sobrevivência. Contudo, hoje é a empresa mais valiosa do mundo. Há quase 4 décadas, a empresa lançava no mercado o seu computador dedicado ao mundo empresarial, o Apple Lisa. Sim, foi um fracasso, caro, mas deu àquela pequena equipa muita experiência.

O Apple Lisa foi um computador pessoal concebido na Apple Computer, Inc. no início da década de 80. Oficialmente, "Lisa" significava "Local Integrated Software Architecture", mas era também o nome da filha do co-fundador da Apple, Steve Jobs.
Apple Lisa, uma máquina poderosa, mas muito cara

O projeto Lisa foi iniciado na Apple em 1978 e evoluiu para um projeto de conceção de um poderoso computador pessoal, com uma interface gráfica de utilizador (GUI), que seria direcionado para clientes empresariais.

Em setembro de 1980, Steve Jobs foi forçado a abandonar o projeto Lisa, pelo que se juntou ao projeto Macintosh. Ao contrário da crença popular, o Macintosh não é um descendente direto de Lisa, embora existam semelhanças óbvias entre os sistemas e a revisão final, o Lisa 2/10, foi modificada e vendida como o Macintosh XL.

Atenção que quando juntamos a palavra desastre ao projeto Lisa não tem a ver com a qualidade da máquina. O Lisa era um sistema mais avançado (e muito mais caro) do que o Macintosh daquela época em muitos aspetos, tais como a sua inclusão de proteção de memória, multitarefa cooperativa, com sistema operativo sofisticado baseado em disco rígido, um protetor de ecrã incorporado, uma calculadora avançada com uma fita de papel e RPN, suporte para 2 megabytes de RAM, slots de expansão e um ecrã de maior resolução.


Foram precisos muitos anos até que várias destas características fossem implementadas na plataforma Macintosh. A proteção de memória, por exemplo, só apareceu no sistema operativo Mac OS X em 2001. O Macintosh, no entanto, apresentava um processador 68000 mais rápido (7,89 MHz) e som.

A complexidade do sistema operativo Lisa e os seus programas carregavam o microprocessador Motorola 68000 de 5 MHz de modo que o sistema ficasse lento, particularmente quando se deslocava nos documentos.

Há 39 anos era uma "fruto proibido"

O Lisa foi introduzido pela primeira vez em 19 de janeiro de 1983 a um custo de 9.995 dólares (atualmente custaria algo como 22 mil euros). É um dos primeiros computadores pessoais comerciais a ter uma interface gráfica e um rato. Utilizava uma CPU Motorola 68000 a uma frequência de relógio de 5 MHz e tinha 1 MB de RAM.

A Lisa original tinha duas unidades de disquetes de dupla face Apple FileWare 5¼ polegadas, mais conhecida pelo nome de código interno da Apple para a unidade, "Twiggy". Tinham uma capacidade de aproximadamente 871 kilobytes cada, mas exigiam disquetes especiais.

As unidades tinham a reputação de não serem fiáveis, pelo que o Macintosh, que foi originalmente concebido para ter um único Twiggy, foi revisto para utilizar uma unidade de microfloppy Sony 400k em janeiro de 1984. Foi também oferecido um disco rígido externo opcional de 5 MB ou, mais tarde, um disco rígido Apple ProFile de 10 MB (originalmente concebido para o Apple III).

Apple Lisa (1983)

Com tantos problemas e a um preço "astronómico", a Apple sentiu necessidade de lançar uma nova versão. Assim, em janeiro de 1984 apareceu o Apple Lisa 2. Este foi lançado no mercado a um preço entre os 3.495 e os 5.495 dólares. Estava agora muito mais barato que o modelo original.

A empresa de Cupertino deixou cair também as unidades de disquete Twiggy a favor de uma única microfloppy Sony de 400k. Foi possível comprar o Lisa 2 com um ProFile e com apenas 512k de RAM. A versão final do Lisa disponível incluía um disco rígido interno opcional de 10 MB fabricado pela Apple, conhecido como o "Widget".

Fiasco empresarial

O Apple Lisa revelou-se um fracasso comercial para a Apple, o maior desde o desastre Apple III de 1980. Os clientes empresariais pretendidos não conseguiram pagar o preço elevado do Lisa e optaram, em grande parte, por comprar PCs IBM menos caros, que já estavam a começar a dominar a informática empresarial de secretária.

O maior cliente do Lisa foi a NASA, que utilizou o LisaProject para a gestão de projetos e que se viu confrontada com problemas significativos quando o Lisa foi descontinuado.


Fonte: Pplware

domingo, 23 de janeiro de 2022

Esta semana... na História (1)

Segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

RELÓGIO DO JUÍZO FINAL É PROGRAMADO PARA CINCO MINUTOS ANTES DA MEIA-NOITE



Em 17 de janeiro de 2007, o Boletim dos Cientistas Atómicos (organização relacionada a questões científicas e de segurança global) adiantou o ponteiro do Relógio do Dia do Juízo Final em dois minutos, fazendo com que faltasse cinco minutos para a meia-noite. O relógio é um dispositivo simbólico mantido desde 1947 pela instituição. Quanto mais perto ele está da meia-noite, mais próximo o mundo estaria de um apocalipse causado por fatores humanos.

A decisão do Boletim contou com a participação de 18 galardoados do Prémio Nobel e levou em consideração o fracasso global na resolução de problemas relacionados com as armas nucleares e à crise climática. Em um comunicado, o órgão citou as duas principais fontes de uma potencial catástrofe: os perigos oferecidos por 27 mil armas nucleares e a destruição de habitats humanos devido às mudanças climáticas.

"Estamos à beira de uma segunda era nuclear. Desde que as primeiras bombas atómicas foram lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki o mundo nunca enfrentou escolhas tão perigosas. O recente teste de uma arma nuclear na Coreia do Norte, as ambições nucleares do Irão, a retomada no interesse da utilização militar de armas nucleares, o fracasso em proteger adequadamente os arsenais nucleares, além da presença contínua de cerca de 26 mil armas nucleares nos Estados Unidos e na Rússia são sintomas de que o mundo falhou ao tentar solucionar os problemas causados pela tecnologia mais destrutiva da Terra", dizia o comunicado.

O texto também enfatiza os riscos oferecidos ao meio ambiente. "Os perigos causados ​​pelas mudanças climáticas são quase tão terríveis quanto os das armas nucleares. Os efeitos podem ser menos dramáticos no curto prazo do que a destruição provocada por explosões nucleares, mas nas próximas três ou quatro décadas as mudanças climáticas podem causar danos irremediáveis ​​aos habitats dos quais as sociedades humanas dependem para sobreviver".

"Como cientistas, estamos cientes dos perigos das armas nucleares e de seus efeitos devastadores, e estamos a descobrir como as atividades humanas e as tecnologias estão a afetar os sistemas climáticos, de maneira que podem mudar para sempre a vida na Terra. Como cidadãos do mundo, temos o dever de alertar o público sobre os riscos desnecessários com os quais convivemos todos os dias e os perigos que corremos caso governos e a sociedade não tomem medidas imediatas para tornar obsoletas as armas nucleares e impedir novas mudanças climáticas", disse na época o renomado cientista Stephen Hawking, membro do Boletim.

Imagem: Shutterstock.com

MORRE O SAMBISTA BEZERRA DA SILVA


No dia 17 de janeiro de 2005, o Brasil perdia um dos seu maiores sambistas. Morria, no Rio de Janeiro, José Bezerra da Silva, cantor e compositor considerado o embaixador dos morros e das favelas. Nascido no Recife no dia 23 de fevereiro de 1927, Bezerra sempre cantou nas suas músicas os problemas sociais e das comunidades. Após passar muitas dificuldades no Rio de Janeiro, onde chegou a viver como sem abrigo em Copacabana e tentou o suicídio. Ele afirmou que foi salvo por um Santo da Umbanda. Depois disso, compôs e gravou seu primeiro ensaio em 1969 e o primeiro LP seis anos depois. Ao longo da sua carreira foram aproximadamente 30 discos lançados. Algumas de suas músicas mais conhecidas são "Malandragem Dá um Tempo", "Overdose de Cocada", "Malandro Não Vacila", "Meu Pirão Primeiro", "Pai Véio 171", "Candidato Caô Caô". Em 2001, Bezerra tornou-se evangélico e, dois anos depois, gravou um CD gospel. Em 2005, ano de sua morte, ele ainda participou em trabalhos com os Planet Hemp, O Rappa e Velhas Virgens. Morreu vítima de paragem cardíaca, numa segunda-feira, já que sempre dizia que não queria atrapalhar o fim de semana dos amigos quando morresse.

MARINHEIRO POPEYE APARECE PELA PRIMEIRA VEZ NUMA BANDA DESENHADA


O valente e carismático marinheiro Popeye aparecia ao público pela primeira vez em um dia como este, no ano de 1929, nas tiras de quadradinhos "Thimble Theatre" ("Teatro em Miniatura"), de Elzie Crisler Segar, no "New York Journal". Quando fez sua aparição, Popeye não era o personagem principal, mas, em pouco tempo, ganhou a simpatia do público e também sua própria BD. Em 1933, foi adaptado para desenhos animados pelos irmãos Dave e Max Fleischer.

Nas histórias, Popeye está sempre tentando proteger a sua namorada, Olívia Palito, do seu eterno inimigo, Brutus. Quando come espinafres, Popeye fica muito mais forte e confiante, podendo vencer qualquer desafio. Originalmente, Popeye não comia espinafres em lata, tendo sido uma criação de quando ele se tornou desenho animado. Contudo, a novidade, mais tarde, também foi introduzida na banda desenhada. De qualquer maneira, o desenho animado serviu de incentivo para que as crianças comessem mais espinafres para "ficarem fortes como o Popeye".

NASCE AL CAPONE, UM DOS MAIORES MAFIOSOS DOS EUA


No dia 17 de janeiro de 1899 nascia, em Nova York, Alphonsus Gabriel Capone, ou simplesmente Al Capone, considerado um dos maiores gangsters dos Estados Unidos. Ele ficou famoso por liderar um grupo criminoso que se dedicava ao contrabando e venda de bebidas, entre outras atividades ilegais, durante a Lei Seca que vigorou no país nas décadas de 1920 e 1930.

Capone nasceu no bairro nova-iorquino do Brooklyn, filho de imigrantes italianos. Após ser expulso da escola aos 14 anos, juntou-se a uma gangue e ganhou o apelido de “Scarface” ("Cara de Cicatriz") depois de ser cortado na bochecha durante uma luta. Em 1920, mudou-se para Chicago, onde logo começou a administrar as empresas ilegais do chefe do crime Johnny Torrio. Entre as atividades exercidas pelo gangster estavam o tráfico de álcool e a exploração de jogos de azar e prostituição. Torrio aposentou-se em 1925 após sofrer um atentado, abrindo caminho para Capone liderar a organização.

A Lei Seca, que proibiu a produção e distribuição de álcool, durou de 1920 a 1933. Nesse período, a venda de bebidas ilegais tornou-se extremamente lucrativa para contrabandistas e gangsters como Capone, que arrecadou milhões com as suas atividades no mundo do crime. Capone estava no topo da lista de "Mais Procurados" do FBI em 1930, mas evitou a cadeia durante anos, subornando fiscais da cidade, intimidando testemunhas e mantendo vários esconderijos.

Capone se tornou o chefe máximo do crime de Chicago ao eliminar os seus concorrentes. Em 1929, os homens de Capone mataram sete rivais no Massacre do Dia dos Namorados. Isso ajudou-o a tornar-se temido e conhecido em todo o país.

Entre os inimigos de Capone estava o agente federal Eliot Ness, que liderava uma equipa de oficiais conhecidos como "Os Intocáveis". Ness e seus homens combatiam de forma implacável os negócios de contrabando de Capone, mas foram as acusações de sonegação de impostos que finalmente levaram Capone à prisão em 1931.

Capone começou a cumprir a suan pena na Penitenciária de Atlanta, mas foi transferido para a prisão de segurança máxima da Ilha de Alcatraz sendo depois acusado de manipular o sistema para receber regalias atrás das grades. Ele saiu da cadeia no início de 1939 por bom comportamento, depois de passar seu último ano de prisão num hospital, sofrendo de sífilis. Capone morreu em 1947, aos 48 anos, em sua casa em Palm Island, Flórida.

NASCE BENJAMIN FRANKLIN, POLÍTICO, INVENTOR E DIPLOMATA


"Nunca houve uma guerra boa nem uma paz ruim", Benjamin Franklin.

No dia 17 de janeiro de 1706 nascia, em Boston (EUA), Benjamin Franklin, jornalista, escritor, diplomata, inventor e político. Ele ainda ficou conhecido pelas suas experiências com eletricidade e por ter sido um dos líderes da Revolução Americana. Também ganhou fama de estadista pelos seus serviços diplomáticos, atuando no diálogo entre as colónias com a Grã-Bretanha e mais tarde com a Rússia.

Entre os anos de 1776 e 1785, Benjamin Franklin morou em França, onde foi emissário dos Estados Unidos e figura de prestígio na sociedade parisiense. Após seu retorno, ele se dedicou à questão da abolição da escravatura. Benjamin Franklin morreu no dia 17 de abril de 1790, em Filadélfia.

Terça-feira, 18 de janeiro de 2022

JUDEUS E NAZIS ENFRENTAM-SE EM CONFLITO QUE ANTECEDEU O LEVANTE DO GUETO DE VARSÓVIA


Em 18 de janeiro de 1943, houve o primeiro conflito entre judeus e oficiais nazis na Polónia, conflito que se iria desdobrar no Levante do Gueto de Varsóvia. Naquele dia, vários batalhões da SS marcharam rumo ao gueto, mas foram atacados, sendo obrigados a retirar-se do local. Os combatentes judeus tiveram algum sucesso: os transportes pararam após 4 dias e duas organizações de resistência tomaram o controle do gueto.

O Gueto de Varsóvia foi uma área criada em 1940 pela Alemanha nazi para reunir a população judaica durante a Segunda Guerra Mundial. Nos três anos da sua existência, a fome, as doenças e as deportações para campos de trabalho reduziram a população estimada de 380 000 para 90 000 habitantes.

Nos três meses seguintes após o primeiro conflito, os habitantes do gueto prepararam-se para aquilo que eles pensavam poder ser a luta final. Foram cavados túneis por baixo das casas, a maioria ligadas pelo sistema de esgotos e de abastecimento de água, dando acesso a zonas mais seguras de Varsóvia. Mas a resistência não era capaz de libertar o gueto ou destruir o aparelho nazista local.

A batalha final começou na noite da páscoa judaica, no domingo 19 de abril de 1943. Três mil nazistas confrontaram a resistência de 1,5 mil moradores. Os partisans judaicos dispararam e atiraram granadas contra patrulhas alemãs a partir de becos, esgotos, janelas. Os nazis responderam detonando as casas bloco por bloco e cercando e matando todos os judeus que podiam capturar.

De acordo com relatos, verificava-se cheiro de cadáveres nas ruas, das bombas incendiárias e mulheres saltando dos andares superiores dos prédios com crianças nos braços. Em 8 de maio, os rebeldes foram cercados. Alguns deles, preferiram o suicídio do que ser levados para campos de extermínio. Às 20 horas e 15 minutos do dia 16 de maio, finalmente considerou-se o fim do levante com a destruição da sinagoga do gueto, então em ruínas.

Após as revoltas, o gueto tornou-se o local onde os prisioneiros e reféns poloneses eram executados pelos alemães. Mais tarde, foi criado um campo de concentração na área do gueto. Chamava-se KL Warschau. Durante a revolta de Varsóvia que se seguiu, a unidade AK polaca "Zoska" conseguiu salvar 380 judeus do campo de concentração e a maioria deles juntou-se à AK.

Imagem: Museu do Holocausto dos Estados Unidos, via Wikimedia Commons

COMEÇAM AS COMPLICADAS NEGOCIAÇÕES DO TRATADO DE VERSALHES


Num dia como este, os representantes das maiores potências do mundo estavam reunidos em Paris para dar início às longas e complicadas negociações que marcaram oficialmente o fim da Primeira Guerra Mundial. Os líderes dos países vencedores - França, Grã-Bretanha, Estados Unidos e Itália - conduziriam a maioria das decisões cruciais ao longo dos seis meses seguintes. Durante a maior parte da conferência, o presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson, sustentou a ideia de uma "uma paz sem vitória" e defendia que a Alemanha, considerada a maior perdedora da guerra, não recebesse punições exageradamente severas. Por outro lado, os primeiros-ministros Georges Clemenceau, da França, e David Lloyd George, da Grã-Bretanha, argumentaram que era preciso punir a Alemanha adequadamente, garantir que o país ficasse enfraquecido e pagasse os enormes custos da guerra.

Representantes da Alemanha foram excluídos da conferência de paz até maio. Quando chegaram a Paris, foram presenteados com um projeto do Tratado de Versalhes. Eles acreditaram nas promessas de Wilson, mas ficaram profundamente frustrados e desiludidos com o tratado, que tirava da Alemanha uma grande quantidade de território. Pior ainda, o artigo 231 forçou a Alemanha a aceitar a culpa exclusiva da guerra.

O Tratado de Versalhes foi assinado em 28 de junho de 1919, cinco anos depois em que um nacionalista sérvio assassinou o arquiduque austríaco Franz Ferdinand e provocou o início da Primeira Guerra Mundial. Nas décadas posteriores, a raiva e o ressentimento do tratado e dos seus autores foram crescendo na Alemanha. Extremistas, como o nacional-socialista (nazi) Adolf Hitler aproveitaram este ambiente para ganhar poder, um processo que levou a exatamente o que ninguém mais queria: uma segunda guerra devastadora e global.

EUROPEUS CHEGAM PELA PRIMEIRA VEZ AO HAVAI


Considerado o "pai da Oceania", o explorador inglês James Cook chegou ao Havai no ano de 1778, tornando-se o primeiro europeu a desbravar esta região, ao alcançar a ilha de Oahu. Dois dias depois, ele desembarcou em Waimea, na ilha de Kauai, e nomeou o arquipélago como Ilhas Sandwich, em homenagem a John Montague, que era o conde de Sandwich e um os seus clientes.

Cook e sua tripulação foram recebidos pelos havaianos, que ficaram fascinados pelos navios dos europeus e pelo seu uso do ferro. Cook garantiu, desta maneira, provisões para o seu navio, negociando o metal, enquanto os seus marinheiros trocavam pregos de ferro por sexo. Os navios de Cook, em seguida, fizeram uma breve paragem em Ni'ihau e dirigiram-se ao norte, procurando o extremo oeste de uma passagem a noroeste do Atlântico Norte para o Pacífico. Quase um ano depois, dois navios de Cook voltaram às ilhas havaianas e encontraram um porto seguro no Havai, na baía de Kealakekua. O explorador inglês ainda voltou uma terceira vez à região, contudo essa viagem custou-lhe a vida. Morreu em Kealakekua, em 1779, após uma luta com os nativos. A casa de Cook em Inglaterra é hoje um memorial.

Quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

LANÇADO O COMPUTADOR PESSOAL APPLE LISA


Considerado revolucionário para a época, a Apple lançava neste dia, no ano de 1983, o computador Lisa. O equipamento custava uns exorbitantes US$ 9.995, usava um microprocessador Motorola 68000 a 5 MHz, tinha 1 MB de RAM, memória virtual, um disco rígido externo de 5 MB e dois leitores de disquetes 5,25" de 871 KB. Tendo em conta de seu preço e da sua configuração, era considerada uma "extravagância" para a época O computador foi um fracasso comercial. Contudo, por ironia do destino, colecionadores, atualmente, estão dispostos a pagar milhares de euros por esta relíquia.

O nome do computador foi uma homenagem à filha de Steve Jobs, facto que ele só admitiu décadas depois, ao seu biógrafo. Na época, foi inventado o acrónimo Local Integrated Software Architecture para justificar o nome.

MORRE A CANTORA ELIS REGINA


Considerada por alguns críticos e músicos como a melhor cantora brasileira de todos os tempos, Elis Regina Carvalho Costa morreu no dia 19 de janeiro, de 1982, em São Paulo. A causa de sua morte gerou muitas controvérsias e relatos médicos da época apontaram que uma mistura de álcool com cocaína teria matado a cantora. A notícia chocou o país e também deixou muitos fãs de luto. Nascida no dia 17 de março de 1945, em Porto Alegre, Elis Regina era conhecida por sua forte personalidade, pela belíssima voz e também por sua presença no palco. Ela interpretou vários gêneros musicais, tais como músicas da MPB, bossa nova, samba, rock e jazz. Surgiu em festivais de música nos anos 60 e tornou-se a primeira estrela da canção popular brasileira da época na televisão. Com o seu sucesso, ajudou a lançar compositores até então desconhecidos como Milton Nascimento, Ivan Lins, Aldir Blanc e João Bosco. Entre as suas parcerias mais célebres estão os duetos com Jair Rodrigues, Tom Jobim, Simonal, Rita Lee e Chico Buarque.

Entre seu álbuns mais importantes (ao todo foram 27), destacam-se Em Pleno Verão (1970), Elis & Tom (1974), Falso Brilhante (1976), Transversal do Tempo (1978) e Saudade do Brasil (1980). Seu espetáculo Fino da Bossa, no final dos anos 60, foi um grande sucesso. Em 1967, Elis casou-se com Ronaldo Bôscoli, diretor do Fino da Bossa, e ambos tiveram um filho, João Marcelo Bôscoli (1970). Depois, Elis casou-se com o pianista César Camargo Mariano, com quem teve outros dois filhos Pedro Mariano (1975) e Maria Rita (1977). Além de grande cantora, Elisa também sempre esteve envolvida politicamente e criticava a ditadura brasileira utilizando as suas declarações nos seus espetáculos ou nas canções que interpretava. Ela foi uma voz ativa da campanha pela Anistia de exilados brasileiros.

NASCE A MÍTICA CANTORA NORTE-AMERICANA JANIS JOPLIN


Uma das grandes cantoras e intérpretes dos anos 60, Janis Lyn Joplin nascia neste dia, no ano de 1943, em Port Arthur, no Texas (EUA). Ela saiu de casa aos 17 anos e começou a cantar em Austin, também no Texas, e depois em Los Angeles. Integrante da banda Big Brother and the Holding Company, de São Francisco (1966), rapidamente alcançou a fama tendo em conta a sua performance poderosa e apaixonada como cantora de blues. O álbum Cheap Thrills (1968) contém algumas de suas gravações mais conhecidas. Depois que deixou a banda, ela continuou a cantar sucessos, incluindo Me and Bobby McGee. Meses antes de morrer por overdose de heroína, Janis Joplin esteve no Brasil, em fevereiro. A sua permanência no país foi turbulenta, com topless em Copacabana, muita bebida e uma expulsão do Hotel Copacabana Palace por nadar nua na piscina.

A cantora morreu no dia 4 de outubro de 1970, aos 27 anos, em Los Angeles.

NASCE A CANTORA NARA LEÃO, MUSA DA BOSSA NOVA


No dia 19 de janeiro de 1942 nascia, em Vitória (ES), a cantora e musa da Bossa Nova Nara Lofego Leão Diegues. Quando tinha apenas um ano de idade, Nara mudou-se com com os pais e a irmã, a hoje jornalista Danuza Leão, para o Rio de Janeiro. Desde cedo ela teve contato com a música, e a casa dos seus pais era frequentada por músicos que participaram no nascimento da Bossa Nova, como Roberto Menescal, Carlos Lyra, Sérgio Mendes e Ronaldo Bôscoli, o seu namorado na época. No final da década de 50, trabalhou como repórter do jornal "Última Hora", de Samuel Wainer, casado com sua irmã Danuza. Bôscoli também trabalhava no jornal, e o relacionamento entre os dois terminou quando ele a traiu com a cantora Maysa. Na década de 60, Nara passou a interessar-se mais pelas ideias de esquerda e começou a namorar com o cineasta Ruy Guerra, com quem se casou um tempo depois. Sua estreia como cantora profissional aconteceu ao lado de Vinícius de Moraes e Carlos Lyra, na comédia Pobre Menina Rica (1963). A sua consagração, contudo, veio após o espetáculo Opinião, juntamente com João do Vale e Zé Keti. Tratava-se de uma obra de crítica social à repressão durante o regime militar no Brasil, iniciado em 1964. Em 1966, cantou a música A Banda, de Chico Buarque, no Festival de Música Popular Brasileira (TV Record), venceu o festival e conquistou o público brasileiro. Entre suas músicas mais conhecidas estão também O barquinho e Com Açúcar e com Afeto. Nara ainda participou no disco-manifesto do movimento tropicalista Tropicália ou Panis et Circensis, em 1968. Na vida pessoal, ela se separou de Ruy Guerra e casou-se com o cineasta Cacá Diegues, com quem teve dois filhos: Isabel e Francisco. No fim dos anos 1960, ela se mudou para Paris, onde viveu dois anos e também cidade em que nasceu sua primeira filha. Já o seu filho nasceu no Rio de Janeiro. De volta ao Brasil, começou a estudar psicologia e diminuiu ritmo de trabalho como cantora para se dedicar à família. Nara morreu no dia 7 de junho de 1989, aos 47 anos, no Rio de Janeiro, vítima de um tumor cerebral inoperável.

NASCE O ESCRITOR NORTE-AMERICANO EDGAR ALLAN POE


Um dos primeiros escritores de contos dos Estados Unidos e considerado o inventor do género de ficção policial, Edgar Allan Poe nascia neste dia, em 1809, em Boston. Autor, poeta, editor e crítico literário, fez parte do movimento romântico norte-americano. Poe ficou órfão de mãe, que morreu pouco depois de seu pai abandonar a família. Foi acolhido por Francis Allan e o seu marido John Allan, de Richmond, Virginia, mas nunca foi formalmente adotado.

A sua carreira começou com a publicação de uma coleção anónima de poemas, Tamerlane and Other Poems (1827). Poe mudou o seu foco para a prosa e passou os anos seguintes a trabalhar para revistas e jornais, tornando-se conhecido pelo seu próprio estilo de crítica literária. Em janeiro de 1845, publicou o poema The Raven, um sucesso instantâneo. A sua esposa morreu de tuberculose dois anos após a publicação. Pouco tempo depois, em 1949, o escritor morreu aos 40 anos, no dia 7 de outubro de 1849, em Baltimore. A causa da sua morte é desconhecida e foi por diversas vezes atribuída ao álcool, cólera, drogas, doenças do coração, raiva, suicídio ou tuberculose.

Quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

JOE BIDEN TOMA POSSE COMO O 46º PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOS


Joe Biden tomou posse como o 46º presidente dos Estados Unidos em 20 de janeiro de 2021. Aos 78 anos, ele é a pessoa com maior idade da história ao assumir o cargo. A sua companheira de campanha para as eleições, Kamala Harris, é a primeira mulher a ser vice-presidente dos EUA.

Joseph Robinette "Joe" Biden Jr. é advogado e político. Filiado ao Partido Democrata, foi vice-presidente dos Estados Unidos de 2009 a 2017, durante o mandato de Barack Obama. Entre 1973 e 2009, exerceu seis mandatos consecutivos como senador pelo Delaware, período em que presidiu importantes comités do Senado.

O político foi declarado presidente eleito dos Estados Unidos em 7 de novembro de 2020, após uma disputa eleitoral renhida contra o então presidente Donald Trump. Nma eleição realizada durante uma pandemia, Biden conquistou mais de 74 milhões de votos populares, um recorde na história do país. Apesar do resultado, Trump entrou com mais de 50 processos em tribunais estaduais e federais, alegando que houve "fraude maciça". Apesar disso, não foram encontradas evidências de irregularidades significativas.

No seu discurso de vitória, Biden defendeu a união entre os cidadãos... "É hora de colocar de lado a retórica dura, acalmar os ânimos, e olharmos novamente, ouvir um ao outro novamente", disse ele. “Esta é a hora de curar a América”, completou.

Biden nasceu em 20 de novembro de 1942 na cidade de Scranton, Pensilvânia. Aos 10 anos, ele mudou-se com sua família para a área de Wilmington, Delaware, onde seu pai trabalhava como vendedor de carros. O mais velho de quatro irmãos, Biden frequentou diversas escolas católicas. Embora fosse excelente no desporto, Biden colecionava notas medíocres e lutava contra a gaguez. Em 1965, ele formou-se em História e Ciências políticas na Universidade de Delaware e, três anos depois, formou-se em direito pela Universidade Syracuse. Em 1966, Biden casou-se com Neilia Hunter, com quem teria três filhos.

Ao terminar a faculdade de direito, Biden voltou para a região de Wilmington e trabalhou como advogado durante os quatro anos seguintes. Em 1970, ele ganhou sua primeira eleição para o Conselho do Condado de New Castle. A 18 de dezembro de 1972, logo após ser eleito para o Senado pela primeira vez, Biden perdeu a esposa Neilia e a filha de um ano, Naomi, que morreram num acidente de automóvel. Em 1977, ele casou-se novamente, com a professora Jill Jacobs, com quem teria mais uma filha.

Biden foi reeleito para o Senado em 1978 outras cinco vezes depois disso. Ao todo, ele passou 36 anos como senador, incluindo oito anos como presidente do Comité Judiciário e quatro anos como presidente do Comité de Relações Exteriores. Em 1987, lançou pela primeira vez a sua pré-candidatura à presidência dos Estados Unidos. Alguns meses depois, após ter desistido de concorrer, ele teve que ser submetido a duas cirurgias para tratar um aneurisma cerebral.

Vinte anos depois, Biden novamente lançou-se como pré-candidato à presidência, mas desistiu depois de garantir apenas 1% dos delegados nas bancadas democratas de Iowa. Barack Obama escolheu-o para ser seu companheiro de campanha após vencer as eleições primárias dos democratas. Nas eleições presidenciais de novembro de 2008, Obama e Biden venceram os seus oponentes Republicanos, John McCain e Sarah Palin, com 52,9% dos votos.

Ao assumir a vice-presidência, Biden foi encarregado de supervisionar um pacote de estímulo económico de US$ 787 mil milhões, além de reativar um tratado de redução de armas com a Rússia. Ele também desempenhou um importante papel como consultor em relação aos conflitos no Iraque e no Afeganistão. Em 2015, o filho mais velho de Biden, Beau, morreu de câncer no cérebro. Biden ainda penpensou concorrer à presidência em 2016, mas acabou por desistir.

No dia 25 de abril de 2019, Biden anunciou a sua candidatura às primárias presidenciais Democratas. Ele concorreu com 28 outros candidatos, entre eles os progressistas Bernie Sanders e Elizabeth Warren. Quando Sanders suspendeu a sua campanha em 8 de abril de 2020, Biden tornou-se o candidato a presidente do Partido Democrata. Em 11 de agosto, ele anunciou a senadora Kamala Harris, da Califórnia, como sua companheira de campanha, tornando-a na primeira candidata afro-americana e sul-asiática a concorrer à vice-presidência por um grande partido.

Imagem: Stratos Brilakis / Shutterstock.com

BARACK HUSSEIN OBAMA II É EMPOSSADO PRESIDENTE DOS EUA


Neste dia, no ano de 2009, Barack Hussein Obama II era empossado como presidente dos Estados Unidos, a primeira pessoa negra a ocupar o cargo no país. Obama derrotou o candidato Republicano John McCain na eleição presidencial no ano anterior. Nove meses após se assumir como presidente dos EUA, ele foi declarado vencedor do Nobel da Paz de 2009. Obama foi reeleito presidente em novembro de 2012, derrotando o republicano Mitt Romney, e foi empossado pela segunda vez em 20 de janeiro de 2013.

Durante o seu primeiro mandato, Obama tomou várias medidas para tirar os EUA da grande recessão que afetou o país, entre 2007 e 2009. Em maio de 2012, ele tornou-se o primeiro presidente americano, ainda no cargo, a apoiar publicamente o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Na política externa, Obama terminou com a participação norte-americana na Guerra do Iraque, enviou mais tropas para o Afeganistão em 2010 e depois anunciou que iria retirar os soldados de lá até ao final de 2014. Como presidente, ainda ordenou uma operação militar no Paquistão, que resultou na morte de Osama bin Laden.

OZZY OSBOURNE MORDE A CABEÇA DE UM MORCEGO VIVO DURANTE UM CONCERTO


Provavelmente, já ouviu esta história sobre o músico inglês Ozzy Osbourne. Aconteceu neste dia, no ano de 1982, durante um concerto de Ozzy, que estava na digressão do seu segundo álbum a solo, de 1981, Diary of a Madman. O ex-vocalista dos Black Sabbath cantava para o público em Des Moines, Iowa (EUA), quando mordeu a cabeça de um morcego vivo. A história, dentro do contexto, no entanto, faz um certo sentido. Osbourne era conhecido por arremessar órgãos de animais para o público durante suas apresentações. Os fãs, em retorno, jogavam coisas parecidas no palco.

No concerto em Des Moines, um morcego foi atirado aos pés de Ozzy. O bichinho ficou atordoado pelas luzes do palco e ficou parado no chão. Ozzy, pensando que era um brinquedo de borracha, mordeu sua cabeça. Rapidamente, o cantor percebeu que se tratava de um bicho de verdade. Levado de urgência para o hospital, o cantor recebeu um tratamento contra a raiva.

Osbourne descreveu o incidente no seu livro de memórias, "Eu Sou Ozzy": "Imediatamente , porém, algo parecia errado. Muito errado. Para começar, a minha boca estava cheia de um líquido quente, com o pior sabor que jamais se pode imaginar. Eu podia sentir isso sujando os dentes e escorrendo pelo meu queixo. De seguida, a cabeça na minha boca se contraiu. Oh! pensei: 'Eu não posso ter comido um maldito morcego'"?

INÍCIO DA CONSTRUÇÃO DO CANAL DO PANAMÁ


O Canal do Panamá é um canal de navegação, situado neste país, no ponto mais estreito entre o Mar das Caraíbas e o oceano Pacífico. Foi inaugurado em 15 de agosto de 1914, e tendo um efeito de concretizar alguns projetos ao encurtar a distância e o tempo da comunicação marítima, produzindo avanços económicos e comerciais durante quase todo o século XX. A sua construção começou em 20 de janeiro de 1882. Proporciona uma via de trânsito relativamente barata entre estes dois grandes oceanos; influiu consideravelmente nos padrões do comércio mundial; impulsionou o crescimento nos países desenvolvidos e forneceu a muitas áreas remotas do mundo o impulso básico que necessitavam para a sua expansão económica. Por exemplo, um navio com carbono partindo da costa leste dos Estados Unidos em direção ao Japão pelo Canal do Panamá economiza cerca de 4.800 km em comparação com a alternativa menor de uma rota marítima; um navio com bananas que parte da Colômbia em direção à Europa economiza uma distância de aproximadamente 9.000 km.

Sexta-feira, 21 de janeiro

MORRE AOS 77 ANOS O COMEDIANTE TERRY JONES, DOS MONTY PYTHON


O comediante Terry Jones morreu em 21 de janeiro de 2020, aos 77 anos. Ele ficou famoso por integrar o grupo humorístico britânico Monty Python, que fez sucesso na TV, cinema e teatro. Há quatro anos que ele enfrentava uma forma rara de demência.

Nascido no País de Gales, Jones mudou-se ainda criança para a Inglaterra. No início da década de 1960, conheceu Michael Palin, o seu futuro companheiro dos Monty Python, numa companhia de comédia da Universidade de Oxford. Com o amigo, atuou e escreveu vários programas humorísticos para a TV.

Em 1969, estreava na BBC o programa Monty Python's Flying Circus. A atração revolucionou a comédia, trazendo situações surreais envolvendo situações absurdas. Terry Jones escrevia, atuava e dirigia junto com seus colegas Palin, John Cleese, Terry Gilliam, Eric Idle e Graham Chapman. A série durou até 1974 e influenciou muitas gerações de comediantes.

Nos anos seguintes, Jones realizou os filmes Monty Python e o Cálice Sagrado (juntamente com Terry Gilliam, em 1975), A Vida de Brian (1979) e Monty Python e o Sentido da Vida (1983). Uma das frases mais famosas da história dos Monty Python é de uma cena com Jones. Interpretando a mãe do personagem principal de A Vida de Brian, ele diz para uma multidão: "Ele não é o Messias. Ele é um garoto muito reguila!". Em 2014, participou na reunião do Monty Python, que fez dez concorridas apresentações em Londres.

O COMEÇO DE UMA ERA: CONCORDE FAZ DUPLO VOO INAUGURAL COM PASSAGEIROS EM LONDRES E PARIS


No dia 21 de janeiro de 1976, partiram, simultaneamente, do aeroporto de Heathrow, em Londres, e do Aeroporto de Orly, próximo de Paris, os primeiros voos comerciais com passageiros do Concorde. O voo de Londres teve como destino o Bahrein, no Golfo Pérsico, e o de Paris foi para o Rio de Janeiro, via Senegal, na África Ocidental. As suas velocidades de cruzeiro, os inovadores Concordes voaram bem além da barreira do som, a 2.172,6 km/hora, reduzindo o tempo da viagem aérea pela metade.

Este voo inaugural representou o resultado de um esforço de 12 anos que contou com engenheiros Ingleses e franceses contra os seus pares na URSS, na corrida pelo desenvolvimento de uma aeronave supersónica que pudesse transportar passageiros em voos comerciais.

O Concorde não foi um grande sucesso comercial, e as pessoas queixaram-se bastante da poluição sonora causada por suas explosões sónicas e motores barulhentos. A maioria das companhias aéreas não teve interesse na compra da aeronave, e apenas 16 Concordes foram construídos para a British Airways e Air France. O serviço acabou limitado aos trechos entre Londres e Nova York e Paris e Nova York para viagens de luxo destinadas a passageiros que queriam fazer a travessia do Atlântico em menos de quatro horas.

Em 25 de julho de 2000, um Concorde da Air France caiu um minuto após decolar de Paris, a caminho de Nova York. Todas as 109 pessoas a bordo e quatro em terra morreram. O acidente foi causado pelo rebentamento de um pneu, que rompeu um depósito de combustível, originando um incêndio que levou à falha do motor. O acidente fatal - o primeiro na história do Concorde - marcou o declínio da aeronave. Em 24 de outubro de 2003, o Concorde realizou o seu último voo comercial regular.

MORRE O ESCRITOR GEORGE ORWELL, AUTOR DE "1984" E "A REVOLUÇÃO DOS BICHOS"


Neste dia, no ano 1950, morria em Londres, o escritor e jornalista Eric Arthur Blair, que ficou mais conhecido pelo pseudónimo George Orwell. Foi vítima de tuberculose, aos 42 anos. Nascido no dia 25 de junho de 1903, em Motihari, na Índia, era filho de um funcionário público britânico que estava no país. Orwell, ao longo de sua vida, cada vez mais, assumiu um posicionamento de esquerda, embora nunca tenha ingressado em nenhum partido político específico.

Todos os animais são iguais mas alguns animais são mais iguais que os outros, George Orwell.

Foi para a Espanha durante a Guerra Civil Espanhola, para lutar com os republicanos, mas depois fugiu quando o comunismo ganhou espaço na ala esquerda. A fábula "A Revolução dos Bichos" (1945) foi seu primeiro sucesso e a crítica também lhe rendeu um bom retorno financeiro. O livro "1984", a sua última obra, garantiu-lhe a fama e também o imortalizou como escritor. A obra traz uma visão sombria de um futuro onde todos os cidadãos são vigiados constantemente e a comunicação é distorcida para ajudar a opressão.

MORRE VLADIMIR LENIN, REVOLUCIONÁRIO E CHEFE DE ESTADO RUSSO


No dia 21 de janeiro de 1924, morreu o líder da revolução bolchevique e principal líder da União Soviética Vladimir Ilyich Ulyanov, mais conhecido como Lenin, vítima de uma hemorragia cerebral. Nascido em 22 de abril de 1870, desde a sua juventude, Lenin havia-se dedicado ao estudo do marxismo e à militância revolucionária. Em 1987, foi preso e exilado na Sibéria, onde permaneceu por três anos.

Em 1903, depois de fugir para a Europa Ocidental, estabeleceu a facção bolchevique do Partido Operário Social-Democrata russo. Depois, voltou à Rússia para um curto período de tempo por causa da Revolução de 1905. Depois de anos de exílio, Lenin recebeu a notícia da Revolução de fevereiro de 1917 e voltou para casa. Seis meses depois, sob sua liderança, os bolcheviques tomaram o poder.

Durante o seu governo, o líder revolucionário implementou reformas que incluíram a nacionalização da indústria e distribuição de terras. A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas foi fundada em 30 de dezembro de 1922. Vladimir Lenin morreu menos de dois anos depois, aos 54 anos de idade. Após sua morte, o poder passou para as mãos de Joseph Stalin, que disputava a liderança da URSS com Leon Trotsky.

Sábado, 22 de janeiro de 2022

ATOR HEATH LEDGER É ENCONTRADO MORTO AOS 28 ANOS


Neste dia, no ano de 2008, fãs em todo o mundo ficaram chocados com a morte repentina e prematura do jovem ator australiano Heath Ledger, de 28 anos. O seu corpo foi encontrado pela sua massagista e pelgovernanta, no apartamento que ele alugara no bairro de SoHo, de Nova York.

Ledger ganhou fama e tornou-se num ator de primeira linha de Hollywood pela sua atuação no filme O Segredo de Brokeback Mountain (2005), do realizador Ang Lee, onde interpretou o cowboy gay Ennis Del Mar. O seu papel rendeu-lhe uma nomeação para o Óscar de Melhor Ator, mas a estatueta no final foi para as mãos de Philip Seymour Hoffman (Capote). No entanto, Brokeback Mountain catapultou o ator ao estrelato e tornou-o objeto de obsessão das revistas de celebridades.

Eu não tenho um planeador dos dias e eu não tenho um diário. Eu vivo completamente no agora, não no passado, não no futuro, Heath Ledger.

Perto do final de 2007, estava em Londres a rodar “O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus”. Antes da sua morte, ainda havia concluido um papel como um dos vários alter egos de Bob Dylan em “Não Estou Lá” e finalizado a sua participação em Batman, o Cavaleiro das Trevas, em que Ledger desempenhou uma versão mais jovem do Coringa. Nas entrevistas, que seriam analisadas exaustivamente após a sua morte, o ator admitiu que seu papel em Batman tinha sido difícil para ele e que ele estava a usar medicamentos prescritos para controlar crises recorrentes de stress e insónia.

Logo após a massagista e a governanta descobrirem o corpo de Ledger, equipas de emergência chegaram ao local, mas não conseguiram reanimá-lo. Nos mídia, especulou-se que ele teria usado drogas ilícitas, contudo, um relatório médico com os resultados dos exames toxicológicos realizados no seu corpo determinou que Ledger morreu de um "abuso de medicamentos prescritos" acidental, por conta de uma mistura de analgésicos, medicamentos antiansiedade e pílulas para dormir. Após o funeral, o seu corpo foi trasladado para a Austrália, onde ele está enterrado ao lado de seus avós, em sua cidade natal de Perth.

Imagem: via Wikimedia Commons

EVO MORALES ASSUME A PRESIDÊNCIA DA BOLÍVIA



Líder sindical dos cocaleros (agricultores que cultivam a planta da coca), Evo Morales foi eleito o primeiro presidente de origem indígena da Bolívia, assumindo o cargo em 22 de janeiro de 2006. Antes disso, havia sido eleito deputado para o Congresso em 1997 como representante das províncias Chapare e Carrasco de Cochabamba. A partir de então, sua carreira política avançou rapidamente. Em 2002, ele havia ficado em segundo lugar nas eleições presidenciais, sendo derrotado por uma pequena margem de votos.

De orientação socialista, o foco do seu governo foi a implementação da reforma agrária e a nacionalização de setores chaves da economia, contrapondo-se à influência dos Estados Unidos e das grandes corporações nas questões políticas internas do país. Morales foi elogiado por reduzir significativamente a pobreza e o analfabetismo na Bolívia. Os seus apoiantes consideraram-no um defensor dos direitos indígenas e do ambientalismo. Por outro lado, vários críticos de esquerda, incluindo indígenas e ambientalistas o acusaram de não cumprir muitas de suas promessas. Já seus opositores de direita apontavam-no como excessivamente radical e autoritário.

Em 2009, Evo foi reeleito para um segundo mandato. Apesar de ter prometido que não se iria candidatar em 2014, ele disputou as eleições e saiu vencedor novamente. Em 2016, houve um plebiscito para decidir se poderia haver uma quarta reeleição, e o resultado foi negativo. Apesar disso, Evo recorreu na Justiça, que permitiu que ele disputasse as eleições mais uma vez. A disputa do quarto mandato, em 2019, acabou sendo o trampolim para sua renúncia.

Morales deixou o cargo em 10 de novembro daquele ano, vinte dias após a polémica causada pela eleição que lhe teria garantido o quarto mandato consecutivo à frente do governo boliviano. Foi anunciado vencedor, derrotando o opositor e ex-presidente Carlos Mesa, mas os resultados das urnas foram contestados. Indícios de fraude eleitoral fizeram com que inúmeros protestos eclodissem no país. O líder indígena alegou que deixou o cargo para evitar o aumento da violência no país.

Imagem: via Wikimedia Commons

FAMÍLIA REAL PORTUGUESA FOGE DE PORTUGAL E DESEMBARCA NO BRASIL


No dia 22 de janeiro de 1808, a família real portuguesa chegou ao Brasil, na costa da Bahia. O desembarque da comitiva real, contudo, só aconteceu no dia 24, às cinco horas da tarde, numa grande solenidade. Aportaram em território brasileiro cerca de 14 navios com 15 mil pessoas, após uma viagem que teve início no dia 29 de novembro do ano anterior. Depos de Salvador, a comitiva seguiu para o Rio de Janeiro no dia 8 de março, transformando a cidade em residência fixa da corte portuguesa. Com a vinda da família real, várias mudanças ocorreram na então colónia: a abertura dos portos brasileiros, a instalação do Banco do Brasil e da Casa da Moeda, a criação de um jornal, além de melhorias culturais e educativas. Toda a corte portuguesa foi obrigada a deixar Portugal por conta das invasões Napoleónicas na Europa. Ele queria dominar todo o continente, mas não conseguiu passar pelas forças militares e pelos navios da Inglaterra. Como medida económica e política, Napoleão determinou o bloqueio continental, no qual todos os países da Europa estavam impedidos de negociar com a Inglaterra. Essa ordem deixou o herdeiro da coroa portuguesa, Dom João, numa situação delicada, já que Portugal e Inglaterra eram antigos aliados. Outra alternativa era enfrentar o exército francês e correr o risco de ser invadido. A solução encontrada, com a ajuda dos ingleses, foi levar a corte portuguesa para o Brasil. E foi isso que aconteceu, numa longa viagem pelo oceano, sob proteção da força naval inglesa.

NASCE MARIA LEOPOLDINA, PRIMEIRA IMPERATRIZ DO BRASIL


No dia 22 de janeiro de 1797 nascia, em Viena, na Áustria, Carolina Josefa Leopoldina Francisca Fernanda de Habsburgo-Lorena, que mais tarde ficaria conhecida como D. Leopoldina, primeira imperatriz consorte do Brasil, regente do Brasil em setembro de 1821, e, durante oito dias, em 1826, rainha consorte de Portugal. Ela casou-se por procuração com D. Pedro no ano de 1917. Extremamente culta para a época, ela chegou ao Brasil demonstrando bastante interesse na botânica e mineralogia e foi acompanhada por cientistas, botânicos e pintores.

No dia 13 de agosto de 1822, D. Leopoldina foi nomeada chefe do Conselho de Estado e Princesa Regente Interina do Brasil por D. Pedro. Ganhou poderes para governar o país durante a sua ausência e partiu para apaziguar a crise política em São Paulo – que culminaria na proclamação da lndependência do Brasil, em setembro. D. Leopoldina teve grande influência no processo de independência. Os brasileiros já estavam cientes de que Portugal pretendia chamar D. Pedro de volta, rebaixando o Brasil ao estatuto de colónia. Havia temores de que uma guerra civil separasse a Província de São Paulo do resto do Brasil. Sem tempo para aguardar o retorno de D. Pedro, D. Leopoldina reuniu-se na manhã de 2 de setembro de 1822 com o Conselho de Estado, assinou o decreto da Independência, declarando o Brasil independente de Portugal. A imperatriz também exige que D. Pedro proclame a Independência do Brasil. Enquanto aguardava o retorno de D. Pedro, Leopoldina também tratou de idealizar a bandeira do Brasil, em que misturou o verde da família Bragança e o amarelo-ouro da família Habsburgo. Foi coroada imperatriz em 1 de dezembro de 1822, na cerimónia de coroação e sagração de D. Pedro I.

A sua vida ao lado de D. Pedro não foi nada fácil ao longo dos anos, especialmente no período que antecedeu a sua morte, já que ela sofria com os relacionamentos extraconjugais do Imperador, em especial o conhecido affair entre ele e a Marquesa de Santos. D. Leopoldina morreu grávida e com depressão aos 29 anos, no dia 11 de dezembro de 1826, no Palácio de São Cristóvão, na Quinta da Boa Vista, na zona norte do Rio de Janeiro. Em 1954, os seus restos mortais foram transferidos definitivamente para um túmulo de granito verde ornamentado de ouro, na Capela Imperial, sob o Monumento do Ipiranga, na cidade de São Paulo.

Imagem: [Domínio público], via Wikimedia Commons

Domingo, 23 de janeiro de 2022

APRESENTADOR LARRY KING, LENDA DA TV DOS EUA, MORRE APÓS CONTRAIR COVID-19


O apresentador Larry King, lenda da televisão dos Estados Unidos, morreu em 23 de janeiro de 2021, aos 87 anos, em Los Angeles. A causa da morte não foi divulgada, mas no final de dezembro de 2020 ele tinha sido internado em um hospital após contrair COVID-19. Durante 25 anos, o comunicador comandou um popular programa de entrevistas na CNN.

King nasceu em Brooklyn, em Nova York, em 19 de novembro de 1933. Filho de um casal de judeus ortodoxos, teve que começar a trabalhar cedo para ajudar a sustentar sua mãe, que havia ficado viúva. Desde muito jovem, ele demonstrou interesse pela telecomunicação.

A sua trajetória profissional teve início quando um locutor da CBS, que King conheceu por acaso, sugeriu que ele fosse para a Flórida, pois lá o mercado estava se expandindo e havia vagas para radialistas inexperientes. Assim, King foi para Miami e conseguiu um emprego de faz-tudo numa pequena emissora de rádio. Em 1957, quando um dos locutores largou a emissora de surpresa, King foi chamado de emergência para substituí-lo. Começava aí sua extensa carreira como comunicador.

Nos anos seguintes, ele tornou-se um locutor muito popular na Flórida. A partir de 1978, um de seus programas de rádio passou a ser transmitido por todos os Estados Unidos. Em 1985, ele migrou para a TV, apresentando o Larry King Live, na CNN. O programa trazia entrevistas com políticos e celebridades, consolidando a fama do apresentador.

Em 2010, King anunciou que após 25 anos, deixaria de apresentar o Larry King Live. No entanto, ele afirmou que permaneceria na CNN para comandar especiais ocasionais. De 2012 a 2020, ele apresentou o talk-show Larry King Now, exibido pela Hulu e RT America. Além disso, ele também apresentava o Politicking with Larry King, programa que ia ao ar semanalmente nos mesmos dois canais, de 2013 até à sua morte.

Imagem: Sam Aronov / Shutterstock.com

O ADEUS À ARTE DE SALVADOR DALI


Neste dia, no ano de 1989, Salvador Dali, um dos mestres da pintura, falecia. Morreu em Figueres, a sua cidade natal em Espanha, aos 84 anos, com uma insuficiência cardíaca. O pintor já sofria de depressão desde 1982, pela morte de sua esposa, Gala.

Nascido em 11 de maio de 1904, em Figueres, na região da Catalunha, Salvador Felipe Jacinto Dalí ficou conhecido mundialmente por seu trabalho surrealista. Entre 1921 e 1925, estudou na Academia de San Fernando, em Madrid, onde se tornou amigo do poeta Federico Garcia Lorca e do cineasta Luis Buñuel. Em 1925, na Galeria Dalmau, em Barcelona, organizou a sua primeira exposição individual, ocasião em que pintores como Picasso e Miró se interessaram por seu trabalho.

Dalí, até então, era influenciado pelo futurismo e cubismo. Em abril de 1926, ele viajou para Paris, onde visitou Picasso. Na sua segunda viagem à capital francesa, em 1929, participou das filmagens do filme Buñuel, "O Cão Andaluz". Nesta ocasião, Miró apresenta-o ao grupo de surrealistas. Dalí conhece pessoas como André Breton também Gala, sua futura esposa e musa, que na época era casada com Paul Eluard. A partir daí, aderiu ao movimento surrealista. Dali também se interessou pelas teorias psicanalíticas de Freud e definiu o seu método como "paranoico-crítico". Neste período, a sua arte é inspirada em sonhos e ideias fantasmagóricas, recheadas de elementos simbólicos como relógios derretidos, muletas, animais fantásticos e figuras retorcidas. Dalí classificava-se como "canibal", "megalomaníaco" e "polimorfo perverso".

http://seuhistory.com/biografias/salvador-dali
Imagem: [Domínio público], <via wikimedia commons>

JERUSALÉM TORNA-SE CAPITAL DE ISRAEL


Situada no Próximo Oriente, Jerusalém é uma das cidades mais antigas do mundo. O local foi habitado pelos jebuseus, antes da chegada das tribos hebraicas a Canaã, no início do século XIII a.C. Foi a antiga capital do Reino de Israel e do Reino de Judá, e séculos mais tarde, do reino franco de Jerusalém. Em 23 de janeiro de 1950, sua parte ocidental foi declarada a capital oficial do Estado de Israel.

Jerusalém é considerado um local sagrado para judeus, católicos e muçulmanos. Desde a sua fundação, há mais de cinco mil anos, a cidade tem uma história atribulada: já foi destruída, invadida, cercada e capturada inúmeras vezes. Os conflitos pelo seu controle duram até hoje. A cidade foi dominada por judeus, assírios, macedónios, romanos e muçulmanos. Durante a Primeira Cruzada, em 1099, os Templários católicos conquistaram a cidade.

Depois disso, a cidade voltou novamente para os muçulmanos e foi conquistada pelos egípcios, até ser tomada pelo Império Otomano, que a governou de 1516 até 1917. Após a 1ª Guerra Mundial, a Grã-Bretanha assumiu Jerusalém até a fundação do Estado de Israel, em 1948. Depois da primeira guerra árabe-israelense, a sua parte ocidental foi declarada a capital oficial do Estado de Israel, em 1950. Além disso, instalou-se ali a sede da residência presidencial, o Parlamento Israelense (Knesset), a Suprema Corte e outras instituições administrativas.

Desde a independência, conflitos entre israelitas e palestinos por territórios de Jerusalém são constantes. Ambos os povos reivindicam a cidade como sua capital. Atualmente, a maioria dos países mantém as suas embaixadas em Tel Aviv, justamente pela falta de consenso na comunidade internacional sobre o status de Jerusalém. No fim de 2017, Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, reconheceu oficialmente Jerusalém como capital de Israel, revertendo décadas de diplomacia sobre o assunto. A sua decisão foi condenada por uma resolução dos outros 14 membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

FRANÇA INVADE JAÉN


Nas terras de Jaén (sul da Espanha) ocorreu uma experiência única: a criação dos "Novos Povoados" Os soldados espanhóis lutaram contra a invasão francesa na batalha dos arredores de Bailén (município espanhol) no dia 23 de janeiro de 1810 e criou-se a correspondente Junta Provincial. O caos económico e a decomposição sociopolítico dos anos seguintes também ocorreram em Jaén. Em Jaén, o Castelo de Santa Catarina foi modificado pelas tropas napoleónicas, que destruiriam parte de sua estrutura, com o objetivo de abrigar em seu interior um depósito de armas e explosivos, onde surgiriam duas habitações utilizadas como estábulos. Um hospital seria construído pelos franceses, que habitaram com entusiasmo esse castelo durante a ocupação, de tal forma que se realizaram várias reformas dentro das quais estavam os pavilhões para o governador e uma plataforma de artilharia.

Imagem: via Wikimedia Commons

ESTABELECIDO O TRATADO DE VIENA


No dia 20 de janeiro de 1731 morreu o grã-duque de Parma, tio de Isabel de Farnesio. Portanto, abriu-se o tema da sucessão ao ducado. A Espanha acreditava que tinha o apoio de França e Grã-Bretanha nos seus direitos sucessórios, mas espalhou-se a notícia na Corte ao descobrirem que o Imperador havia enviado tropas para ocupar Parma e Plasência. A Espanha solicitou o apoio da França, mas não recebendo nenhuma resposta satisfatória dos franceses, o rei declarou que a Espanha se sentia "livre de todos os acordos contraídos no Tratado de Viena e que permanecia em plena faculdade de tomar as decisões que mais conviessem a seus reais interesses". Todas as potências europeias trataram de evitar uma nova guerra, por isso foi assinado em Viena ese tratado entre Grã-Bretanha, Holanda, Áustria, seguido de outro, assinado em julho do mesmo ano, entre Espanha e Áustria, segundo o qual a Áustria reconhecia as propostas do Tratado de Sevilha e aceitava que as tropas espanholas entrassem em Parma, Plasencia e Toscana.

sábado, 22 de janeiro de 2022

Ensaio: Vinte anos de euro: A História explica!


O Euro começou a circular em Portugal há 20 anos e o seu aniversário foi quase ignorado pela generalidade da imprensa portuguesa e europeia. A moeda única impôs um colete de forças monetário e orçamental aos Estados mais pobres que a ela aderiram. Depois da euforia inicial, da crise e da austeridade, porque desapareceu o Euro do debate público?

Acriação do Euro como unidade de conta europeia data de 1999, mas foi há vinte anos que, com pompa e cirscunstância, as moedas e notas começaram a circular. Curiosamente, os vinte anos da moeda única foram quase ignorados pela generalidade da imprensa europeia. O caso é ainda mais estranho em Portugal, um dos países mais afectados pela crise do euro, com eleições legislativas a 30 de janeiro, onde as questões económicas são normalmante parte do debate.

A ausência de discussão sobre o euro é, aliás, sintoma de uma quase ausência das questões europeias nestas eleições. O debate político ignora os limites impostos por Bruxelas e Frankfurt, o que resulta num necessário empobrecimento. A análise das possibilidades de país que queremos não pode deixar de lado o papel histórico do euro na sociedade portuguesa e os caminhos que, a partir dele, se desenham no futuro próximo.

VINTE ANOS DE ESTAGNAÇÃO

Num recente debate eleitoral, António Costa, quando confrontado com a estagnação da economia portuguesa nos últimos vinte anos, respondeu: “a história explica”. António Costa tem razão, embora se tenha poupado a elaborar esta hipótese genérica. A história da integração monetária é central para entender a estagnação da economia portuguesa nos últimos vinte anos, mas para isso temos que recuar não vinte, mas trinta anos, aquando da assinatura do Tratado de Maastricht em 1992. Este tratado estabeleceu o roteiro para a União Monetária Europeia (UEM).

O tratado estabeleceu um conjunto de critérios para adesão à moeda única. Os critérios obrigavam à convergência de taxas de juro nominal entre os países aderentes (o preço da moeda), partindo do pressuposto que tal só podia acontecer se esses mesmos países tivessem taxas de inflação igualmente parecidas, um défice abaixo dos 3% do Produto Interno Bruto (PIB) e uma dívida pública abaixo dos 60% do PIB. Se taxas de inflação e juro convergentes são condições razoáveis para a criação de uma moeda única, a introdução de limites à política orçamental de cada país obedecia à visão equivocada na teoria económica, de uma relação directa entre política orçamental e inflação (e, logo, de taxas de juro reais).

De uma penada, os Estados abdicavam dos instrumentos de política monetária – taxa de câmbio e taxa de juro – e sujeitavam-se a uma política orçamental muito restritiva. Isto num contexto de mercado único europeu, estabelecido precisamente em 1992, onde em nome da livre concorrência europeia, tradicionais instrumentos de política industrial, como taxas alfandegárias ou a contratação pública nacional preferencial, estavam proibidos.

Estavam assim criadas as condições para um espaço económico europeu liberalizado, com novos e extensos mercados, sem custos de transação nas trocas comerciais e com interferência mínima do Estado nacional.

Naturalmente, este novo espaço económico europeu não era igual para todos. Economias altamente industrializadas e sofisticadas na sua produção competiam agora diretamente com economias mais atrasadas, sem instrumentos de proteção ou promoção preferencial, como a portuguesa. Face a este problema, a União Europeia prometia mecanismos de compensação, na forma dos fundos de coesão social e regional, que promoveriam a infra-estruturação e qualificação das economias mais atrasadas, permitindo-lhes a prazo competir com algumas das economias mais avançadas do mundo.

Não surpreende o sucesso político inicial do euro, sobretudo nos países que mais perderam com ele. A integração monetária prometia a pertença ao “pelotão da frente” europeu. Com a modernização infra-estrutural do país financiada pelos fundos europeus, a moeda única simbolizava a antecipação do progresso do país face ao resto da Europa Ocidental. Ademais, a prova estava nos factos. O caminho para euro, sobretudo na segunda metade dos anos noventa, foi um período de forte crescimento económico e quase pleno-emprego.

Com a liberalização dos mercados financeiros e a segurança que a UEM dava ao capital internacional, a recém-privatizada banca portuguesa conseguia endividar-se nos mercados europeus, financiando as famílias na compra de casa própria e o sector da construção civil, produzindo um boom neste sector, que serviu de locomotiva para o crescimento económico recorde de então. Isto, com taxas de juro historicamente baixas, graças aos critérios de convergência da UEM.

A euforia dos anos noventa não foi para toda a gente. Com uma taxa de câmbio fixa, sobrevalorizada, e uma taxa de inflação nacional superior à prevalecente no resto da União Europeia, os sectores de atividade expostos à concorrência internacional, entre eles a indústria, foram perdendo capacidade de competir com os seus congéneres nos mercados nacional e internacional. Regiões, como o Vale do Ave ou a cintura industrial de Lisboa, foram condenadas a um longo processo de desindustrialização e o país, como um todo, a défices externos crescentes, acumulados traduzidos numa dívida externa ignorada como problema económico, dado o assegurado acesso ao financiamento bancário europeu.

A lua-de-mel portuguesa com a UEM acabou, por coincidência, no momento em que, finalmente, as notas e moedas de Euro começaram a circular. A recessão internacional de 2001 colocou o orçamento português fora das regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento (acordo que tinha complementado os critérios de Maastricht, no final da década de noventa), obrigando a um progressivo corte do investimento público, tendo caído de 5% do PIB, em 2001 para pouco mais de 3%, em 2007.

Esta quebra naturalmente conduziu a uma equivalente quebra do investimento privado, sobretudo no sector da construção e imobiliário, agora condenado a um longo período de estagnação, que só não se traduziu em crise dado o contínuo acesso ao endividamento, nacional e internacional, que o euro possibilitava. A crise financeira de 2008-09 veio por fim à bóia do endividamento que permitia colocar à tona a economia portuguesa.

CRISE DO EURO

Os problemas estruturais da economia portuguesa e da restante periferia europeia provocados pela adesão ao euro tornaram-se salientes em 2011. Depois do momento “keynesiano”, em 2009-10, de aumento da despesa pública como forma combater os efeitos da estrondosa crise financeira em Wall Street, os mercados financeiros internacionais começaram a desconfiar da capacidade de pagamento dos países sobreendividados de uma zona euro sem orçamento próprio redistributivo relevante e sem um banco central que assegurasse o financiamento dos Estados no combate à crise.

As atenções viraram-se para os países mais frágeis, do Sul da Europa, com um endividamento externo acumulado (público e privado) extraordinário, agora impedidos de se refinanciar nos mercados financeiros.

Neste cenário, embora a banca tenha beneficado do crédito do Banco Central Europeu para não “esbarrar no muro”, como um então banqueiro português qualificava a situação, os Estados não beneficiaram da mesma generosidade. O diagnóstico dominante da crise eximia a UEM, na sua arquitectura, de qualquer responsabilidade. O problema do endividamento externo teria sido provocado pela irresponsabilidade salarial e por uma intervenção excesssiva do Estados periféricos na economia, que não permitia aos mercados equilibrarem-se face a choques como o da crise de 2008-09. Isto com uma boa pitada de xenofobia, dirigida aos irresponsáveis povos do Sul que trabalhariam pouco e mal.

A par da austeridade orçamental, cortar salários, promover a reforma laboral e reduzir apoios sociais seriam a única forma de promover a necessária desvalorização interna e, assim, aumentar da competitividade externa. Esta foi, pois, uma oportunidade para, ao abrigo de acordos condicionais para empréstimos oficiais, sujeitar as economias periféricas a um programa de liberalização de mercados, privatização e austeridade, para o qual a UE não tinha antes qualquer legitimidade.

A execução dos programas foi, no curto-prazo, um sucesso político, mas um desastre económico e social para os países que o empreenderam. A quebra na procura condenou os países do Sul a uma pronunciada contração da actividade económica, com aumento brutal do desemprego e da pobreza. O efeito financeiro de curto de prazo foi, pois, um aumento do endividamento destes países em percentagem do PIB, abrindo a possibilidade do não pagamento da dívida e consequente saída do euro. Combinado com um aumento demasiado precoce das taxas de juro para toda a Zona Euro, toda a União Europeia caiu em nova recessão em 2012. A viabilidade do Euro parecia em risco, com os mercados financeiros a apostarem crescentemente na saída de um ou mais países.

Se a instabilidade económica e social do Sul da Europa foi ignorada pela UE, o mesmo não aconteceu com a instabilidade financeira. O BCE empreendeu um programa de empréstimos de longo-prazo a taxas de juro perto do zero à banca europeia. A medida mostrou-se insuficiente. A crise tinha mostrado que a moeda era única, mas os bancos nacionais, estavam dependentes de cada Estado de origem nos seus resgates e aumentos de capital. A periclitante situação financeira de ínumeros Estados continuava, assim, a colocar em risco a estabilidade financeira de toda UEM.

Com Estados periféricos disciplinados pelos programas de ajustamento e governos de direita comprometidos com esses mesmos programas, de Mariano Rajoy, na Espanha a Passos Coelho, em Portugal, passando por Antonis Samaras na Grécia, o então presidente do BCE, Mario Draghi, prometeu que tudo faria para salvar o Euro, implicitamente assumindo que não deixaria nenhum Estado falir. O BCE comprometia-se a fazer o que até então afirmava ser proibido pelos seus estatutos: comprar dívida soberana de forma a baixar as taxas de juro desta. Com a notável excepção da Grécia, as taxas de juro começaram a convergir e a implosão financeira do euro foi evitada.

Portugal foi um dos grandes beneficiários do anúncio do BCE, com as taxas de juro da dívida soberana a 10 anos a cair de um máximo de mais de 10%, em 2012, para quase zero, em 2014, permitindo então a “saída limpa” do programa da troika e um custo descendente da dívida, essencial para o virar de página da austeridade anunciado pelo novo governo em 2015.

Com os riscos sistémicos afastados, países politicamente recalcitrantes, como a Grécia, em 2015, sofreram o efeito contrário desta nova assumpção de poder do BCE, que, no seguimento do voto “não” a mais um pacote de austeridade do povo grego, cortou os seus empréstimos à banca, chegando mesmo a bloquear o acesso dos cidadãos gregos às notas e moedas de euro, forçando assim à capitulação do Governo grego de então, impreparado para qualquer ruptura.

NOVA PÁGINA?

O fim da crise do Euro, com os mercados financeiros pacificados e os Estados alinhados com Bruxelas, permitiu a Portugal uma surpreendente, ainda que tépida, recuperação económica. Por um lado, a queda dos custos do serviço da dívida e a sua reestruturação em curso (hoje o Banco de Portugal é o grande detentor de dívida pública portuguesa) permitiram uma “folga” orçamental para a reposição de salários e pensões, sem violar as regras financeiras de Bruxelas.

Por outro lado, a recuperação da economia europeia promoveu um boom turístico nos países do Sul e o afluxo de capital estrangeiro ao imobiliário nacional, em busca de rentabilidade, num ambiente de abundante liquidez a baixas taxas de juro. Uma nova bolha imobiliária serviu, mais uma vez, de motor do crescimento e do emprego. Portugal apresenta, hoje, uma economia dependente de sectores onde o potencial de inovação e crescimento da produtividade é diminuto, assente na competitividade preço, ou seja dependente de baixos salários.

Com a reposição de rendimentos pela via orçamental, a variável de ajustamento face às imposições da Comissão Europeia, passou a ser o investimento público, reduzido a um peso no PIB nunca antes visto, atingindo um recorde mínimo de 1,6% do PIB em 2016, reflectido em serviços públicos em acelerada degradação. No entanto, face a uma queda abrupta do desemprego, as novas vulnerabilidades, públicas e privadas, estruturais da economia portuguesa passam ao lado do debate público. A crise do Euro é já uma memória longínqua.

Esta percepção agravou-se com a crise pandémica. Com os confinamentos a afectarem inicialmente toda a actividade económica europeia de forma razoavelmente simétrica, a ação da União Europeia foi pronta e eficaz. Ao abrigo da pandemia, o BCE reforçou as suas compras de dívida pública nos mercados, prevenindo qualquer especulação financeira, acalmando os mercados financeiros. Por outro lado, novas instituições, nascidas da crise de 2009, como a Autoridade Bancária Europeia, permitiram aos Estados e bancos a concessão de moratórias e garantias de crédito a empresas e famílias que preveniram, pelo menos no curto prazo, nova onda de crédito mal-parado.

Finalmente, as regras orçamentais foram momentaneamente abandonadas, permitindo aumento dos gastos públicos e, pela primeira vez, a UE decidiu endividar-se nos mercados e distribuir fundos pelos Estados-membros na forma dos programas de recuperação e resiliência. A ação financeira imediata da UE serviu de elemento estabilizador da economia europeia.

As reações dos diferentes Estados europeus não foram, todavia, simétricas. A resposta orçamental dos países do Sul, como Portugal e Espanha, países particularmente afectados pela pandemia no seu modelo de crescimento económico dependente do turismo, foi bem mais modesta do que as do Norte da Europa. O medo das violações das regras europeias e o trauma dos memorandos de entendimento é real e justificada. A aposta nestes países fez-se entre o adiamento dos efeitos da crise, usando moratórias e garantias de crédito, e a esperança que os Planos de Recuperação e Resiliência (PRR) consigam alavancar a recuperação económica. Ora, o PRR equivale a aproxidamente de 8% do PIB nacional, a ser gasto ao longo de sete anos, num aumento evidente do investimento público, mas que não cobre o aumento de despesa pública forçada pela pandemia em 2020 e 2021.

Mais preocupante para Portugal é o recente aumento da inflação na zona Euro para 5% no final de 2021, provocada por rupturas nas cadeias logísticas internacionais e uma recuperação assimétrica em muitos países europeus. Ainda que Portugal tenha uma taxa de inflação bem abaixo da média europeia (2,7%), a pressão política para que o BCE reverta a sua política monetária expansionista por parte da Alemanha (inflação de 6%) já se faz sentir.

Mesmo com promessas de não aumento das taxas de juro directoras por parte do BCE, a redução do seu programa de compras de dívida soberana já se faz sentir no aumento da taxa de juro da dívida pública. Qualquer eventual aumento da taxa de juro no zona euro é, do ponto de vista real (descontado da inflação), mais prejudicial para a economia portuguesa, quando comparada com a alemã. Um cenário agravado pelo sobrendividamento privado e público que subsiste.

A pressão financeira far-se-á sentir. Mais uma vez, a política monetária única é a receita para a divergência europeia.

CLUB MED DA UE?

Aquando da crise do euro, vários foram os autores que convocavam a comparação com o malfadado padrão-ouro do início do século XX, quando a convertibilidade das moedas em ouro estava assegurada a um preço (câmbio) fixo. Tal como o padrão-ouro, o euro é, de facto, uma moeda que institui um regime de câmbio fixos entre os estados-membros, instituído de forma a facilitar os fluxos financeiros e comerciais internacionais.

O euro também mostra parecenças com o padrão-ouro no mecanismo de ajustamento para eventuais desequilíbrios financeiros e/ou comerciais, a deflação de preços. Face à impossibilidade de desvalorização cambial, que torne exportações mais baratas e importações mais caras, a única forma de ajustamento possível é a queda dos preços, nomedamente dos salários, reduzindo a procura e aumentando o peso da dívida externa em relação ao produto de cada país.

No caso do padrão-ouro, a espiral recessiva criada por este mecanismo gerou a sua implosão aquando da Grande Depressão de 1929. O mesmo foi anunciado para o euro. O euro estaria destinado a implodir pelas suas próprias contradições, sendo a ação política ativa desnecessária. Não aconteceu.

A história do euro nos últimos dez anos mostra a vantagem de uma moeda fiduciária que, ao contrário do ouro, pode ser criada do nada. É isso que acontece com os empréstimos do BCE à banca e as suas compras de dívida. Tal mecanismo permite fornecer livremente liquidez ao sistema financeiro e controlar a taxas de juros, o que preveniu, até agora, a desagregação de área monetária em divergência. No entanto, a demonstrada flexibilidade do euro e da sua gestão tem um custo: com a garantia do financiamento público e privado, o mecanismo deflacionário de ajustamento deixa de ser automáticamente criado por escassez de moeda.

O mecanismo deflacionário passa a ter de ser politicamente determinado, através das reformas laborais, garantindo que trabalhadores aceitam piores salários e condições de trabalho em contexto de crise, e dos limites à despesa pública, determinados por regras mais ou menos discricionárias, impedindo o contrabalanço da despesa pública. Não surpreende, pois, que estas sejam a linhas vermelhas que nenhum governo europeu ultrapassa. No caso português, a recusa de reverter a reforma laboral aprovada pela troika foi central para a queda do Governo.

Ainda que adiados pela euforia do imobiliário e fluxos de capital estrangeiro em busca de rendibilidade, os problemas estruturais do euro para as economias periféricas mantêm-se. Uma moeda sobrevalorizada (desvalorizada para os países exportadores do Norte) é sempre uma barreira à modernização produtiva de um país. O esforço inicial de investimento em qualquer área produtiva, com maior potencial de inovação e ganhos de produtividade, vai enfrentar sempre maiores custos em relação a quem já está estabelecido no mercado.

Ora, se acrescentarmos a impossibilidade de os Estados, além da política cambial, usarem a política comercial, orçamental e monetária, o desígnio nacional do desenvolvimento produtivo e enfretamento das alterações climáticas fica nas mãos do financiamento europeu de infra-estruturas e qualificação. Um modelo já testado e claramente falhado. Portugal arrisca-se a ser o “Club Med” da União Europeia, uma estância turística estagnada onde se pode explorar uma mão-de-obra qualificada e barata.

O euro deixou de ser tema político em Portugal. É fácil entender porquê. Por um lado, temos a já mostrada flexibilidade deste arranjo monetário. Por outro lado, a bandeira da saída do euro envolve uma ruptura política, com necessários custos no curto-prazo, num tema complexo e num contexto de debate público dominado pelo europeísmo pueril.

No entanto, como este texto procurou demonstrar, a dimensão política da gestão do euro tornou-se mais saliente nos últimos dez anos. Qualquer programa político consequente que trate de direitos laborais, investimento nos serviços públicos e, sobretudo, que elabore um verdadeiro um modelo de desenvolvimento para debelar o atraso nacional e o desafio climático esbarrará nas restrições colocadas pelo euro. Na atual conjuntura, os nossos partidos conseguem evitar discutir o euro, mas o seu retorno ao debate será inevitável, mais cedo do que tarde.

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