terça-feira, 20 de novembro de 2012

Receita de Bordoada à Portuguesa


Receita simples embora de elaboração faseada e justificando alguns cuidados.
Da autoria de Miguel Macedo, chef ora premiado com uma estrela do Guia Internacional do Golpismo Mediático

Ingredientes:

Uma manifestação em dia de Greve Geral, umas dezenas (poucas) de imbecis com pedras (ou de pedras com imbecis), toda a PSP de Lisboa disponível e indisponível, um Comando, um Ministro.
Preparação prévia:

A PSP vai receber no próximo ano 796.9 milhões de euros, mais 13,2 por cento do que em 2012, a GNR 937.9 milhões de euros, mais 9,9 por cento.


"Horas antes da manifestação, a polícia visitou os comerciantes da zona, aconselhando-os a encerrarem portas e protegerem os estabelecimentos, com o seguinte comentário: «Isto hoje vai ser duro»".

Utensílios de cozinha:

A polícia aparece com novos escudos de corpo inteiro, como se estivesse à espera de uma chuva de pedras.

Confecção:

Infiltram-se polícias entre os imbecis. Os imbecis começam a arremessar pedras:
"Várias pessoas destacaram-se da manifestação, entre elas o Daniel Oliveira, e interpuseram-se entre os que estavam a atirar pedras, garrafas, balões de tinta, etc., e o primeiro cordão policial, com os braços bem erguidos, de costas para a polícia, pedindo aos energúmenos para pararem com aquilo e tentando explicar-lhes a futilidade, falta de significado político e carácter contraproducente do gesto".

Banho-Maria (citando Marcelo, Chef e argumentista de vídeos parvos nas horas vagas):
"Nestas questões não basta intervir é preciso ter atrás de si, a sensação do apoio claro da opinião pública no momento da intervenção, às vezes tem que se intervir mesmo sem o apoio da opinião pública, mas ali esse apoio foi ganho por aquela paciente espera. (texto reciclado para português)"

Cuidado:

Para o apuramento do repasto, nunca se deve tentar imitar a polícia sul-coreana, que como todo a gente sabe tem uma gastronomia insípida e não percebe nada dos nossos cozidos:


"O treino policial para intervenções em conflitos urbanos, obtido inclusive junto das forças israelitas, pressupunha na quarta-feira que o Corpo de Intervenção da PSP, ao ser apedrejado à frente do Parlamento, tivesse em poucos minutos formado um cerco à dezena de agressores – dando cobertura aos agentes da PSP das brigadas à civil por entre os manifestantes. E os ‘infiltrados’ procederiam rápida e cirurgicamente às detenções. O facto desta manobra táctica não ter avançado, por decisão do Comando de Lisboa, causou desconforto junto de responsáveis policiais contactados pelo CM. Só ao fim de mais de uma hora a ser apedrejada a polícia de choque avançou, de uma forma “mais indiscriminada” e sobre a multidão, “perdendo o enfoque sobre quem tinha rapidamente de ser detido – em flagrante”".

Nesta altura o ministro manda destapar a panela e servir sem moderação, depois de avisadas as dezenas (poucas) de imbecis apedrejadores e os que estavam ao seu lado.

Para que o medo se instale, é fartar vilanagem, decreta-se o estado de sítio sem audição prévia do Conselho de Estado.


Sobremesa e efeitos secundários:

Um “líder da oposição” só de ver ficou ceguinho:

Outros passam a acusar todos os presentes de responsabilidade no sucedido. Um deles, por sinal anti-republicano convicto, acha mesmo que a esquerda deve ser expulsa da República.

Cuidado com os doces. Nunca se sabe o que pode uma República fazer para se defender a si própria.

Fonte: Aventar

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