Esta coisa do que é Nacional é bom, já deu o que tinha a dar. Agora o que é preciso é generalizar e diversificar e internacionalizar.
Uma greve geral implica parar o País. Uma greve geral implica fazer perder dinheiro ao País. Uma greve geral implica empobrecer o País. Mas, que se lixe, é mesmo para isso que aqui estamos, para arrazar e, qual Fénix, ressurgirmos renovados e felizes.
Estou a ponderar aderir a esta greve!
Afinal ela é muito mais abrangente do que as anteriores que acabaram por ser um fiasco, apesar de, do mesmo modo que esta se propõe, terem empobrecido o Zé Povinho empobrecendo o País. Desta vez propoem-se empobrecer vários países. Coisa fina e de força!
Afinal ela é muito mais abrangente do que as anteriores que acabaram por ser um fiasco, apesar de, do mesmo modo que esta se propõe, terem empobrecido o Zé Povinho empobrecendo o País. Desta vez propoem-se empobrecer vários países. Coisa fina e de força!
Uma greve, e em especial uma greve geral como esta, é uma coisa boa. Podemos dormir até tarde, não fazer a “ponta de um corno” (na verdade na maior parte do tempo de trabalho muitos fazem precisamente isso), estar em amenas cavaqueiras à volta de uma bejeca ou duas ou mais e uns tremoços com os amigos que raramente vemos porque quando estamos presos nos locais de trabalho eles também estão e quando fazemos greve eles nunca fazem ao mesmo tempo que nós e é uma chatice porque para conversarmos com os colegas de trabalho já o fazemos todos os dias e os amigos é que são as coisas boas que temos nesta vida de muito trabalho muito trabalho muito trabalho, e para além disso também podemos ir passear com as nossas senhoras e os nossos meninos que não têm aulas porque os senhores professores e o pessoal auxiliar também estão a fazer nada e assim podemos estar juntos a passear à tarde nos shoppings ao menos uma vez de vez em quando que nos fins de semana nós temos os jogos de futebol e elas as amigas e os putos os jogos de computador e às vezes nem nos vemos direito que os jantares de sábado à noite acabam muitas vezes com copos a mais e os putos vão prá discoteca, e também é muito bom porque nestes dias de greve às vezes há manifestações contra tudo e contra todos e podemos assim ir em carneirada uns com os outros com cartazes e panos pintados e bandeiras a dizer mal e a berrar e a dizer palavras feias que agora estão na moda e deixaram de ser feias e quem as não diz é um tótó burro e de direita e fascista e amigo do patronato e a favor dos burros do governo que só nos querem mal e nos roubam os gatunos salafrários e a atirar uns calhaus à polícia de preferência nessas alturas com a cara tapada porque nunca se sabe o que aí vem e eles têm maneira de nos identificar e depois levamos por tabela, que eles não são boas rêses, e ainda nos podem prejudicar mas mesmo assim a gente vai, que eles merecem ouvir tudo e mais alguma coisa, que eu não gosto deles e os meus amigos também não e até é feio gostar e olham de lado para nós se não fizermos isto tudo como se tivessemos peçonha e eu gosto que gostem de mim que um amigo que eu tinha era amigo do Gaspar e do Coelho mesmo sem os conhecer e agora ninguém lhe fala e mesmo quando ele vai às manifestações põem-no de lado e escondido e eu não quero isso para mim.
Por isso estou a pensar em ir (trabalhar), e estou contente com a minha decisão.
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